Internacional

França "precisa de arrefecer": após mais violência, sindicatos e Governo ensaiam fase de apaziguamento

França "precisa de arrefecer": após mais violência, sindicatos e Governo ensaiam fase de apaziguamento
JULIEN DE ROSA

Com o Presidente Macron na China, a primeira-ministra, Elisabeth Borne, afirmou que as pessoas “precisam de descanso” e os sindicatos “não podem sair humilhados” das negociações sobre a lei da idade da reforma. Conselho Constitucional pronuncia-se na próxima semana

“Precisamos de dar descanso às pessoas. O país precisa de arrefecer” os ânimos, disse esta sexta-feira de manhã a primeira-ministra francesa, Elisabeth Borne, após mais uma noite de protestos e violência nas ruas devido à aprovação da lei que sobe a idade mínima da reforma dos 62 para os 64 anos.

Citada pelo jornal “Le Monde”, a governante apontou que “os sindicatos não devem sair humilhados” da luta contra esta legislação, depois de na quarta-feira uma nova ronda de negociações entre o Executivo e os representantes dos trabalhadores não ter produzido resultados.

Laurent Berger, líder do CFDT, o maior sindicato francês, sublinhou esta manhã que a “estigmatização” dos trabalhadores tem de parar. “Se é para as coisas acalmarem completamente, esta reforma tem de ser posta de lado”, avisou, citado pela televisão BFM, garantindo que o país está a passar por uma “crise democrática”. O líder sindical saudou as palavras conciliadoras da primeira-ministra.

Na imprensa francesa, registou-se a mudança no discurso de Borne, aparentemente divergindo da posição inflexível do Presidente Emmanuel Macron, que está em visita oficial à China e instruiu o Governo a alcançar pontes com a oposição e os sindicatos. Contudo, a primeira-ministra garantiu de imediato que ambos estão “alinhados” e em “contacto regular” sobre o tema.

Com o falhanço nas negociações, os sindicatos convocaram esta quinta-feira a 11.ª paralisação a nível nacional desde o início do ano. Mais uma vez, o descontentamento deu lugar à violência e a confrontos com as autoridades em cidades como Paris, Lyon e Nantes. Cerca de 11.500 polícias foram mobilizados a nível nacional.

O La Rotonde, um histórico restaurante na capital francesa que tem Macron entre os seus clientes, foi incendiado por “elementos radicais” que se infiltraram nas manifestações, segundo a polícia. Também foram registados protestos no aeroporto Charles de Gaulle.

Através de um artigo previsto na Constituição, a legislação da idade das pensões foi aprovada sem votação na Assembleia Nacional. A oposição enviou o diploma para o Conselho Constitucional da República Francesa, que se irá pronunciar no final da próxima semana.

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