Candidato da continuidade à sucessão de Nicola Sturgeon ganhou eleição interna do Partido Nacional Escocês com 52% dos votos. Será investido chefe do Executivo regional na quarta-feira, após votação parlamentar no dia anterior
Editor da Secção Internacional
Depois de Nicoal Sturgeon, caberá a Humza Yousaf chefiar o maior partido da Escócia e o respetivo governo regional. O até agora ministro da Saúde escocês venceu a eleição para líder do Partido Nacional Escocês (SNP) por 52%-48%, tendo batido na segunda volta a sua colega das Finanças, Kate Forbes, anunciou a secretária nacional do partido, Lorna Flynn, esta segunda-feira, num estádio em Edimburgo.
Primeiro chefe do SNP oriundo de uma minoria étnica (filho de pais imigrantes, ele paquistanês, ela queniana), Yousaf vem de uma família conheceu o racismo na juventude. Na escola primária era um de dois miúdos não brancos.
Aos 16 anos, o 11 de Setembro de 2001 fê-lo entrar na política. Deve ser investido chefe do Executivo regional na quarta-feira, pelo rei Carlos III, após confirmação parlamentar um dia antes.
Com a participação de 70% dos militantes do SNP, Yousaf teve 24.446 dos votos de primeira preferência, 48% do total. Concorriam também Forbes (20.559 votos, 40%) e Ash Regan, ex-secretária regional da Segurança (5599 votos, 11%). Distribuídos por Yousaf e Forbes os votos de segunda preferência dos que tinham optado por Regan, o titular da Saúde saiu vencedor por 26.032 contra 23.890.
Yousaf, de 37 anos, é o mais experiente dos três em governação, tendo ocupado as pastas da Justiça e dos Transportes. Foi a escolha da maioria dos deputados do SNP nos parlamentos escocês e britânico. Posiciona-se no centro-esquerda, como a antecessora, mas promete governar à sua maneira. Uma das primeiras iniciativas que promete é uma cimeira contra a pobreza.
A demissionária Sturgeon não tardou a felicitar o vencedor e as derrotadas na rede social Twitter. “Presto homenagem a todos os três candidatos a líder do SNP, por terem estado à altura do desafio. Acima de tudo felicito Humza Yousaf e desejo-lhe o maior êxito. Será um extraordinário líder e primeiro-ministro e não poderia sentir mais orgulho em tê-lo como sucessor”, escreveu a ainda governante.
Após o anúncio dos resultados, Yousaf prometeu pacificar o partido. “Não haverá equipa Humza, equipa Kate e equipa Ash”, assegurou. Só unidos será possível conquistar a soberania tão almejada, defende.
Nascido e criado em Glasgow, o novo líder do SNP formou-se em ciência política na Universidade local e envolveu-se na vida comunitária, voluntariado e organizações estudantis muçulmanas.
Aderiu ao SNP em 2005, ainda na faculdade, movido pela causa independentista e pela crítica à guerra do Iraque. Nos anos seguintes trocou o trabalho num centro de atendimento telefónico pelas funções de assistente parlamentar de vários políticos, incluindo Sturgeon e o seu antecessor, Alex Salmond (que, após zanga com a sucessora, milita agora no partido Alba, também independentista). O seu principal mentor foi Bashir Ahmad, o primeiro deputado escocês a professar a fé islâmica.
Quatro anos depois de ter participado na campanha de que resultaria o primeiro governo regional chefiado pelo SNP em 2007, Yousaf chegou ao parlamento escocês aos 26 anos (o mais novo até então). Prestou juramento em língua urdu, além de inglês, quando tomou posse.
Integrou governos de Salmond e Sturgeon desde 2012, tendo sido secretário regional de Assuntos Externos, de Assuntos Europeus, já com Sturgeon, e depois ministro regional dos Transportes e, em seguida, da Justiça. Nesta etapa destacou-se a lei contra os crimes de ódio.
Na pasta da Saúde desde 2021, coube-lhe lidar com parte do período da pandemia, nomeadamente a vacinação contra a covid-19. Outro dossiê complicado foi o das listas de espera no sistema público de saúde.
Yousaf lançou a candidatura à chefia do SNP a 18 de fevereiro, três dias depois de Sturgeon ter anunciado a sua renúncia. Prometeu continuidade, apoiando a controversa lei de identidade de género que contribuiu para a queda da anterior chefe de governo, e defende que é preciso reforçar a causa independentista antes de avançar para novo referendo de autodeterminação da Escócia.
Visto como progressista, favorável ao casamento homossexual e a uma República escocesa independente, é casado pela segunda vez, tendo uma filha e uma enteada.
Os nacionalistas escoceses tiveram duas semanas para votar online, após uma campanha acesa com vários debates e ataques pessoais entre os três aspirantes. Há 19 anos que não havia uma corrida disputada à chefia do maior partido escocês.
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