Acabado de vencer uma moção de censura apresentada pelo partido Vox (extrema-direita), o primeiro-ministro espanhol prepara-se para visitar Pequim nos próximos dias 30 e 31 de março, a convite do Presidente chinês, Xi Jinping, que visitou Moscovo esta semana. A notícia está a ser veiculada esta quarta-feira pela imprensa espanhola.
Do ponto de vista diplomático, a ida à China põe Madrid numa posição privilegiada para mediar quaisquer avanços na guerra da Ucrânia, sobretudo quando o país se prepara para assumir a presidência rotativa do Conselho da União Europeia (UE) no próximo dia 1 de julho. “Está a exercer como líder da UE”, afirma fonte do gabinete do primeiro-ministro espanhol citada por “The Objective”. Xi defendeu na Rússia o seu plano para pôr fim ao conflito.
O jornal digital “The Objective” assegura que antes de viajar para a China, o socialista Pedro Sánchez remodelará o Executivo. Era algo esperado, pois duas ministras concorrem às eleições regionais e municipais de 28 de maio, precisando de ser substituídas. Especulou-se em dias recentes sobre uma mexida mais profunda na equipa, após dissensões com os aliados de Governo (a frente de esquerda radical Unidas Podemos), sobretudo a respeito da revisão da lei sobre agressões sexuais.
Sem aquecer o lugar
Após o Conselho Europeu de quinta e sexta-feira e da cimeira Iberoamericana na República Dominicana, no fim de semana, Sánchez anunciará os novos titulares da Saúde e da Indústria, hoje nas mãos, respetivamente, Carolina Darias (que concorre a presidente da Câmara de Las Palmas, nas ilhas Canárias) e Reyes Maroto (aspirante a presidente da Câmara de Madrid).
Em seguida segue para Oriente. Apesar de ancorado na posição da UE e da NATO, de defesa da Ucrânia face à invasão — esteve recentemente em Kiev com o Presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky —, Sánchez sempre gostou de aparecer como construtor de pontes a nível internacional. E foi dos que mais frisaram o potencial papel da China na resolução da guerra.
A última vez que os dirigentes espanhol e chinês se viram foi em novembro, na cimeira do G20 em Bali. Agora Sánchez deve reunir-se com Xi, mas também com o primeiro-ministro Li Qiang e o presidente da Assembleia Nacional Popular, Zhao Leji, adianta “El País”. E estará na inauguração do Fórum de Boao, uma “espécie de Davos chinês”, na província de Hainan. Esta organização é chefiada pelo sul-coreano Ban Ki-Moon, ex-secretário-geral das Nações Unidas.
Com eleições municipais e regionais em maio e legislativas no final do ano, o governante espanhol aposta na agenda internacional. A visita à China acontece perto do 50º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre os dois países. Também terá componente económica, prevendo-se que a comitiva inclua empresários.
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