Internacional

Autoridades francesas negam prisões injustificadas nos protestos em Paris

Mulher fala com a polícia durante os protestos desta terça-feira à noite em Paris
Mulher fala com a polícia durante os protestos desta terça-feira à noite em Paris
GONZALO FUENTES

Protestos intensificaram-se esta terça-feira depois do governo francês ter sobrevivido (por pouco) a duas moções de censura

As autoridades francesas negaram esta terça-feira que tenham sido efetuadas detenções injustificadas durante os recentes protestos em Paris contra a reforma das pensões no país, conforme denunciado pela oposição.

"Não há detenções injustificadas, não posso permitir que se diga isso", disse à televisão BFMTV o chefe da polícia de Paris, Patrick Nuñez, ao mesmo tempo que sindicatos de advogados, magistrados e políticos de esquerda denunciavam uma "arbitrária" custódia policial.

De acordo com o último relatório consolidado da Procuradoria de Paris, 425 pessoas foram detidas pela polícia durante as três primeiras noites de manifestações espontâneas, entre quinta-feira e sábado, mas apenas 52 foram processados no final do processo. Os números das noites de domingo e segunda-feira ainda não estão disponíveis, disse a Procuradoria.

Um total de 287 pessoas, incluindo 234 em Paris, foram presas na noite de segunda-feira em França durante a quinta noite consecutiva de manifestações espontâneas contra a decisão do governo de aprovar a reforma das pensões na assembleia sem votação, revelou à agência AFP uma fonte.

Claire Hédon, responsável pela defesa dos direitos dos cidadãos em França, admitiu estar "preocupada" com as consequências das prisões preventivas, sinónimo de privação de liberdade, e lembrou as regras da ética na manutenção da ordem. Segundo o The Guardian, a IGPN (Inspection Générale de la Police Nationale, órgão que fiscaliza a polícia) está a investigar os casos de quatro mulheres que foram agredidas sexualmente durante os controlos policiais das demonstrações da semana passada em Nantes.

Segundo o Ministério do Interior, registaram-se 1.200 destas concentrações, a maior parte delas na capital, Paris, onde só na segunda-feira à noite ocorreram quase 300 detenções. Esta terça-feira, os protestos intensificaram-se por todo o país depois do governo ter sobrevivido por pouco a duas moções de censura.

Muitos temem que a nova onda de protestos mimique o movimento dos “coletes amarelos”, que paralisou França há cinco anos. Na altura, os protestos resultaram na morte de pelo menos dez pessoas e milhares de feridos civis e entre as forças policiais. O movimento deixou também um rasto de destruição.

Macron romperá o silêncio na quarta-feira, quando for entrevistado nas duas principais estações televisivas de França, ocasião em que se espera revele a sua estratégia para sair da crise política em que o colocou a controversa revisão da lei das pensões, que aumenta de 62 para 64 anos a idade de reforma dos trabalhadores do país.

No entanto, aponta o The Guardian, fontes do Eliseu já clarificaram que os planos presidenciais não incluem uma remodelação do governo ou um referendo. Foi também descartada a hipótese do parlamento ser dissolvido e a convocação de eleições antecipadas, das quais a oposição (o partido de extrema direita de Marine Le Pen) é quem mais tem a beneficiar.

Para já Macron mantém a agenda para os próximos dias, incluindo a receção do rei Carlos III, incluindo um banquete no Palácio de Versalhes. É a primeira visita oficial do monarca desde que ascendeu ao trono.

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