Internacional

Jornal oficial do Partido Comunista da China acusa EUA de falta de sinceridade após Blinken suspender viagem

Antony Blinken
Antony Blinken
Drew Angerer

O jornal oficial do Partido Comunista da China veicula que o balão, que foi abatido no sábado, “não representava um risco significativo para recolha de informações”, mas que “os políticos e a imprensa norte-americana voltaram a exagerar a situação ao lançarem mais uma campanha difamatória contra a China”

A imprensa chinesa acusa Washington de "falta de sinceridade" nas iniciativas para melhorar as relações bilaterais, reagindo ao cancelamento da viagem a Pequim do secretário de Estado norte-americano devido ao balão chinês que sobrevoou os Estados Unidos.

"A resposta do Governo dos EUA ao incidente, ou seja, usá-lo como desculpa para adiar a viagem, mostra a sua falta de sinceridade", disse o “Global Times”, jornal oficial do Partido Comunista da China (PCC), num editorial publicado no fim de semana.

De acordo com o jornal, o balão, que foi abatido no sábado, "não representava um risco significativo para recolha de informações, mas ainda assim os políticos e a imprensa norte-americana voltaram a exagerar a situação ao lançarem mais uma campanha difamatória contra a China".

Na sequência daquele caso, o secretário de Estado norte-americano, Antony Blinken, cancelou a sua viagem à China. Seria a primeira visita à China de um secretário de gabinete do Presidente norte-americano, Joe Biden. A agenda incluía um encontro com o líder chinês, Xi Jinping, de acordo com o jornal britânico “Financial Times”.

"Normalmente, em incidentes deste tipo, causados por força maior, as duas partes seguem em frente com a sua agenda depois de expressarem o seu pesar. A decisão de Blinken não foi proporcional", disse o investigador Lu Xiang, da Academia Chinesa de Ciências Sociais, citado pelo jornal.

Segundo o académico, "as forças anti - China vagueiam livremente nos Estados Unidos, usando incidentes como estes para instigar sentimentos anti - chineses e distorcer a imagem global da China", afirmou. "Querem conter a China e isolá-la do palco internacional", acrescentou Lu. O investigador considerou que, numa atmosfera de polarização, qualquer incidente "se torna numa desculpa para escalar o confronto".

"Internamente, vimos como o Partido Republicano tem usado esta questão para atacar a administração do Presidente Joe Biden, que por sua vez optou por uma posição agressiva", descreveu. "A China ainda nem tinha confirmado a visita de Blinken. Não excluímos que Washington tenha usado isto para exercer pressão", observou.

A China admitiu que o balão lhe pertencia, embora tenha dito que "é um dirigível civil utilizado para fins de investigação, principalmente na área da meteorologia".

A descoberta do balão no espaço aéreo dos EUA desencadeou uma crise diplomática entre Washington e Pequim e levou à suspensão da viagem que Blinken tinha planeado fazer ao país asiático entre domingo e esta segunda-feira.

O vice-ministro chinês dos Negócios Estrangeiros Xie Feng disse, nesta segunda-feira, que os Estados Unidos "fizeram uso indiscriminado da força" ao abaterem o balão, de acordo com um comunicado divulgado pelo ministério dos Negócios Estrangeiros chinês.

O responsável descreveu a reação de Washington como exagerada e acusou os Estados Unidos de "violarem gravemente o espírito do direito internacional".

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