Internacional

Peru: Portugueses ponderam partir, mais pela bolsa do que pela vida

5 fevereiro 2023 17:15

Luís Novais, em Lima

Detenção de uma manifestante contra o Governo em Lima, na passada terça-feira

ernesto benavides/getty images

Dos 300 que havia no país andino, devem sobrar 100. Estão integrados, mas assustados. Ainda assim, nenhum pensa sair do país por sentir a vida em risco

5 fevereiro 2023 17:15

Luís Novais, em Lima

Liliana Gouveia nasceu na Venezuela. Filha de pais madeirenses, emigrados em 1984, nunca perdeu nem a língua nem os costumes portugueses. Foi a complicada situação política e económica que a fez abandonar o país de Nicolás Maduro e emigrar para o Peru, onde é editora. O marido já tem nacionalidade peruana e um bom emprego numa empresa de telecomunicações. Depois de lhes ter nascido uma filha, compraram um apartamento numa zona pacata de Lima, decididos a ficar pelo país sul-americano.

A América Latina é, porém, uma roda da fortuna. Desde que o Presidente Pedro Castillo tentou um golpe palaciano, no início de dezembro (que lhe valeu subsequente destituição pelo Parlamento), a violência espalhou-se pelo país, com um saldo de pelo menos 60 mortos, mais de 1000 feridos e centenas de detidos. Esta família tem a impressão de reviver aquilo a que quis escapar. “Tudo isto nos traz más memórias”, diz Liliana ao Expresso. “Quando Hugo Chávez e, depois, Maduro queriam atacar a oposição, assistia-se a uma violência que, se não era, parecia totalmente orquestrada.”