Internacional

A luta de Greta Thunberg e milhares de manifestantes: o que se passa em Lützerath

Protestos em Lützerath
Protestos em Lützerath
RONALD WITTEK

Greta Thunberg juntou-se aos manifestantes que ocupam a vila alemã de Lützerath, numa ação contra o alargamento das minas de carvão na zona. Os manifestantes ocupam a aldeia há meses, mas a polícia começou a expulsar pessoas na quarta-feira. A vila é detida pela empresa de energia RWE e todos os residentes já saíram. Organização ambientalusta portuguesa, Climáximo fala em "ataque com uma mobilização de meios policiais como se fosse uma guerra”

Milhares de pessoas continuam a concentrar-se em Lützerath, uma aldeia na Alemanha ocidental, rica em carvão e em vésperas de ser demolida, após a celebração de um acordo entre o Estado alemão e a empresa de gás natural RWE. Os manifestantes temem que a localidade seja absorvida pela mina de carvão a céu aberto de Garzweiler, nas proximidades. Neste sábado, também Greta Thunberg se juntou aos protestos.

De acordo com a organização não governamental Climáximo, que, num comunicado enviado ao Expresso, se mostra solidária com os ativistas no local, a desocupação da aldeia decorre de “um pacto com o diabo, em que o Governo alemão finge precisar desta zona de sacrifício para reduzir a dependência fóssil da Rússia, enquanto mantém o padrão da dependência fóssil que nos leva ao colapso do clima”. O coletivo de ativistas refere que, depois de dias de luta, 35 mil pessoas ainda se encontram em protesto neste sábado em Lützerath.

Há três dias, a BBC noticiava que agentes da polícia munidos de equipamento de choque começaram a arrastar ativistas para fora de Lützerath tendo, então, sido registados alguns confrontos com arremesso de pedras e materiais pirotécnicos contra os agentes da polícia.

Protestos em Lützerath
RONALD WITTEK

Como começou?

A polícia entrou na aldeia na manhã de quarta-feira, para dispersar os manifestantes. Mais de mil agentes participaram na operação. Inicialmente as ações decorreram de forma pacífica, com a polícia a bater porta a porta e pedindo às pessoas que saíssem. Em seguida, alguns manifestantes organizaram-se em cordões humanos ou subiram a telhados e casas nas árvores.

A vila é de propriedade da empresa de energia RWE, e o último morador já se mudou há mais de um ano. A RWE é responsável pelos trabalhos das minas e pretende alargar o perímetro das intervenções. De acordo com a BBC, uma escavadora mecânica foi posicionada a metros da linha das árvores na periferia da aldeia.

Protestos em Lützerath
RONALD WITTEK

Embora todos os residentes tenham partido, o movimento ambientalista quer impedir que a extração mineira chegue a Lützerath. Há manifestantes que ali se fixaram há mais de um ano e que ocupam prédios de tijolos abandonados.

A polícia está a ter dificuldades em retirar os ocupantes. Os ativistas barricaram-se em pilhas de tijolos e ligaram as casas nas árvores por cordas, para que possam mover-se acima das cabeças dos polícias.

O Governo alemão comprometeu-se a antecipar para 2030 a eliminação do uso de carvão na região Renânia do Norte-Vestfália, onde a mina se localiza. Por outro lado, a RWE e a administração regional também prometem minimizar as demolições, tendo descartado os projetos de escavação em outras cinco aldeias. Ainda assim, em Lützerath a luta continua com os manifestantes convictos que podem impedir as intervenções ao abrigo de uma lei que proíbe o abate de árvores entre fevereiro e setembro.

O coletivo ativista Climáximo vinca que a ação policial na aldeia alemã se apresenta como “um ataque com uma mobilização de meios policiais como se fosse uma guerra”. Neste sábado, numa manifestação no local, Greta Thunberg juntou-se a milhares de pessoas do movimento por justiça climática na Alemanha. A polícia continua a cercar toda a vila.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas