Pagar a automobilistas para não circularem a horas de ponta? Roterdão já o faz e Lille prepara-se para o fazer
ERIC CABANIS
O “ecobónus” aprovado pela autarquia de Lille permitirá incentivar os automobilistas a não circularem na hora de ponta, optando pela alteração de horários, pelo teletrabalho, por boleias ou por outros meios de transporte. A cidade francesa acredita que conseguirá reduzir o tráfego em hora de ponta, bem como o seu impacto ambiental. O apoio tem um limite mensal de 80 euros
O município francês de Lille decidiu pagar aos automobilistas para deixarem o carro na garagem na hora de ponta. Seduzida pelos resultados da experiência de Roterdão, onde estarão a ser evitadas cerca de cinco mil viagens por dia graças ao incentivo em vários horários e vias, as autoridades da metrópole aprovaram a criação de um ecobónus, que será aplicado inicialmente aos dois eixos rodoviários mais congestionados: a A1 (Paris-Lille) e a A23 (Valenciennes-Lille).
De acordo com o jornal “Le Monde”, o objetivo reduzir o trânsito nos períodos mais críticos: pela manhã e ao final do dia. O congestionamento nas autoestradas que servem Lille na hora de ponta tem sofrido um agravamento, e, com isso, a superação dos limites de alerta para partículas finas no ar é cada vez mais frequente. No primeiro trimestre de 2022, foram registadas tantas ocorrências como em todo o ano de 2021.
Para receber um “ecobónus”, de dois euros por viagem não realizada entre as 07h e as 09h e entre as 16h30 e as 18h30, os cidadãos de Lille terão de se inscrever no programa respetivo e de preencher uma ficha de declaração de viagens não efetuadas. A não circulação do veículo é confirmada por um sistema de leitura de matrículas.
A autarquia pretende, assim, incentivar os automobilistas a privilegiarem outros meios de transporte, a alterarem horários ou a optarem por teletrabalho.
A iniciativa foi apresentada como um “recurso antiengarrafamento”, mas já suscitou muitas críticas devido à questão da proteção de dados pessoais. Só serão recolhidos os dados dos automobilistas que se voluntariarem, respondem as autoridades responsáveis. O período de inscrições inicia-se na primavera de 2023. Assim que sejam registados, os automobilistas verão as suas viagens diárias a serem acompanhadas através da leitura das matrículas.
Lille espera que o projeto permita uma redução do tráfego em 750 dos 12 mil veículos que circulam na A1 em hora de ponta durante a manhã. O projeto, que vai durar três anos, te, um custo estimado em nove milhões de euros.
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