A Presidente do Peru não descartou que as eleições antecipadas convocadas para 2024 possam ser realizadas já em 2023, enquanto os protestos continuam em todo o país devido à detenção do ex-presidente, prolongada esta quarta-feira.
A Justiça peruana adiou para quinta-feira a audiência para pronunciar-se sobre o pedido de prisão preventiva de 18 meses apresentado pelo Ministério Público para o deposto presidente, Pedro Castillo, que vai assim continuar preso pelo menos mais um dia.
O juiz Juan Checkley concedeu o prazo pedido pela defesa, que garantiu não ter todos os documentos necessários para arguir perante o tribunal. O Supremo Tribunal ordenou em 7 de dezembro a prisão preventiva de Castillo por sete dias e, teoricamente, o ex-presidente deveria ser libertado esta tarde.
Também hoje, a nova Presidente, Dina Boluarte, explicou que precisa coordenar-se com o Congresso para anunciar a convocação das eleições antes de poder marcar uma data, e por isso já está em contacto com a comissão constitucional do Parlamento para perceber se é possível reduzir os prazos.
"Este governo será de transição e pede calma, diálogo e trabalho conjunto", afirmou Boluarte, que assinala uma semana como a primeira mulher Presidente da história do Peru, após a destituição e detenção de Castillo na quarta-feira passada.
Alguns setores do país desejam que Dina Boluarte avance com a convocação das eleições o quanto antes, enquanto ocorrem pelo país mobilizações e protestos que já deixaram sete mortos e o anúncio do envio das Forças Armadas para as ruas.
"Estamos numa crise política e entendemos que devemos agir rapidamente", disse Luis Villanueva, presidente da CGTP, principal sindicato do Peru, após se reunir na terça-feira no Palácio Nacional com Boluarte, a quem pediu para adiantar as eleições porque em 2024 "seria tarde demais".
Enquanto isso, os protestos continuam e o ex-presidente Castillo convocou os seus seguidores para o centro de detenção em Lima em que encontra, antes de saber que não sairia hoje em liberdade.
Castillo pode voltar à prisão se as autoridades judiciais aprovarem o pedido do Ministério Público, que está a pedir até 18 meses de prisão para o antigo chefe de Estado, enquanto é realizada uma investigação.
O Parlamento do Peru aprovou em 07 de dezembro uma moção de censura contra Castillo, por "incapacidade moral", com 101 dos 130 votos a favor, horas depois de o então Presidente ter anunciado a dissolução deste órgão, a criação de um "Governo de emergência" e a instituição de um recolher obrigatório.
O Congresso pediu também que a então vice-presidente Dina Boluarte, que rejeitou de imediato as ações de Castillo, assumisse a Presidência. Os confrontos mais violentos acontecem no sul do país, especificamente nos departamentos de Apurímac e Arequipa.
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