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Lei das Estatais foi alterada para facilitar nomeações. Será que Lula vai repetir erros do passado?

Lei das Estatais foi alterada para facilitar nomeações. Será que Lula vai repetir erros do passado?
MAURICIO LIMA

A alteração da Lei Estatais “é um bom sinal para o futuro Governo de Lula da Silva porque mostra que o PT tem apoio parlamentar. Mas também é um sinal de que Lula pode voltar aos erros do passado”, diz ao Expresso o politólogo Octávio Amorim Neto. A lei foi aprovada em 2016 e tem sido uma referência de transparência na gestão das empresas públicas

A aprovação de uma alteração à Lei [das empresas] Estatais que reduz de ”36 meses para apenas 30 dias o período de quarentena para que pessoas indicadas para a presidência ou direção de empresas públicas possam assumir" novos cargos está a gerar uma onda de perplexidade em muitos sectores da sociedade brasileira.

Os mais críticos dizem que esta alteração à lei foi aprovada por causa deste nome: Aloizio Mercadante, 67 anos, economista, professor da Pontifícia Universidade Católica de São Paulo, militante e fundador do Partido dos Trabalhadores de que foi vice-presidente, ex-ministro da Educação e da Casa Civil da ex-Presidente Dilma Roussef.

Com todo este currículo, Mercadante, filho do general Oswaldo Muniz Oliva, é a escolha de Lula da Silva e do seu futuro Ministro da Fazenda, Fernando Hadadd para presidir ao BNDES, o Banco Nacional de Desenvolvimento do Brasil, empresa pública que tutela a aplicação de muitos milhões de reais.

A Lei das Estatais foi aprovada em junho de 2016, na sequência da operação Lava Jato, e era um instrumento regulador na gestão de empresas públicas que impedia a passagem direta de atores políticos para o comando das empresas. Preto no branco, a lei dizia a dado passo que é proibida “a indicação, para o Conselho de Administração e para a diretoria [de uma empresa pública] de pessoa que atuou, nos últimos 36 (trinta e seis) meses, como participante de estrutura decisória de partido político ou em trabalho vinculado a organização, estruturação e realização de campanha eleitoral”.

Na noite de 13 de dezembro, o Parlamento brasileiro aprovou um projeto de lei (314 votos a favor, 66 contra) que reduz o período de nojo das nomeações para 30 dias dias, o que equivale a 2,7% do período de nojo aprovado em 2016. A legislação segue para o Senado.

Os mercados não gostaram da indigitação de Aloizio Mercadante para o BNDES, e reagiram de imediato. O PT, por sua vez, rejeita a ideia que de que a alteração à lei visa a nomeação de Mercadante para o o BNDES, e lembra que o ex-ministro de Dilma Rousseff não teve nenhum cargo na campanha eleitoral, estando em funções na Fundação Perseu Abramo, uma estrutura do Partido dos Trabalhadores. O currículo académico do homem escolhido por Lula para coordenar o desenvolvimento sustentável do Brasil não está em causa, já que Mercadante é professor de Economia na Universidade Católica de São Paulo.

Certo é que esta escolha do Presidente eleito “é um bom sinal para o futuro Governo de Lula da Silva porque mostra que o PT tem apoio parlamentar. Mas é também um mau sinal de que Lula pode voltar aos erros do passado”, disse ao Expresso o catedrático de Ciência Política. Octávio Amorim Neto.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: mgoucha@expresso.impresa.pt

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