Internacional

Tribunal na Nova Zelândia retira custódia de um bebé a pais que recusaram uma transfusão de “sangue vacinado”

Tribunal na Nova Zelândia retira custódia de um bebé a pais que recusaram uma transfusão de “sangue vacinado”
Joe Raedle/Getty Images

Um casal neozelandês perdeu temporariamente a custódia do filho após ter recusado uma transfusão de sangue de doadores vacinados contra a covid-19. Bebé precisa de uma cirurgia urgente e vai ficar sob a custódia de um tribunal da Nova Zelândia até a operação ser concluída

Um tribunal na Nova Zelândia sentenciou que os pais de um bebé de quatro meses vão perder temporariamente a custódia do filho após terem recusado a realização de uma cirurgia urgente que envolve uma transfusão de sangue, insistindo não quererem que o bebé recebesse “sangue vacinado”, isto é, sangue de pessoas vacinadas contra a covid-19.

O bebé, que sofre de uma cardiopatia congénita, está em estado crítico e a cirurgia é absolutamente necessária, garantem as autoridades de saúde neozelandesas. A exigência do casal, a ser concedida, iria criar um precedente perigoso e levar a mais pedidos semelhantes, disseram ainda as autoridades.

Ian Gould, o juiz atribuído ao caso, foi sensível a este argumento e decidiu esta quarta-feira em favor da Health NZ, o sistema de saúde da Nova Zelândia, colocando a criança sob a custódia do tribunal até à conclusão da cirurgia e da recuperação pós-operatória - “no máximo até 31 de janeiro de 2023”.

O casal manterá a custódia do seu filho em todos os momentos que não estejam diretamente relacionados com a operação, disse o tribunal, sentenciando ainda que os pais terão de ser informados diariamente acerca da condição do bebé por dois funcionários do Hospital Starship, localizado em Auckland, a capital.

Em causa está mais uma batalha entre a comunidade médica e o movimento anti-vacinas, esta com o potencial para desencadear consequências dramáticas. Dezenas de manifestantes reuniram-se à porta do tribunal e exibiram cartazes com frases como “liberdade para escolher” ou “não estamos a falar de saúde, estamos a falar de controlo”.

Os pais referiram acreditar que o sangue de pessoas vacinadas tinha um certo tipo de proteínas que “estavam a causar mortes inesperadas relacionadas com transfusões”, o que citaram como um dos seus principais receios. Ainda pediram ao hospital para que lhes fosse possível escolher pessoalmente o doador, algo que foi rejeitado pelas autoridades de saúde e pelo tribunal.

Ian Gould também rejeitou outra proposta da equipa de defesa, liderada pela advogada Sue Gray, que visava estabelecer um serviço de doação e recolha de sangue com sangue de dadores exclusivamente não vacinados.

Citando a necessidade de salvaguardar os interesses do bebé, Ian Gould considerou estas soluções como “pouco práticas” e desnecessárias. Para as rejeitar, o juiz fez-se valer do testemunho do diretor médico executivo do sistema de saúde neozelandês, Joe Bourne, que disse não haver “qualquer prova científica” a apontar para um risco nas transfusões de sangue envolvendo doadores vacinados contra a covid-19.

Texto de José Neves, editado por João Cândido da Silva

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas