3 dezembro 2022 8:42

Três nigerianos viajaram 11 dias no leme de um petroleiro
salvamento marítimo/cover images
Os três nigerianos que chegaram a Las Palmas sentados no leme de um navio são “clandestinos” e não “migrantes”, e isso muda o regime jurídico a que estão sujeitos. De qualquer forma, e como qualquer cidadão do mundo, têm direito a pedir asilo em Espanha, mas não teria sido avisados disso. Um alerta de várias organizações (e uma fotografia viral) transformaram-lhes o destino
3 dezembro 2022 8:42
Se a fotografia que ilustra este texto não existisse, seria muito difícil explicar a quem não tem na cabeça a planta de um petroleiro onde viajaram, durante 11 dias, os três nigerianos que ali vemos dobrados e agachados. Aquela protuberância é o leme do petroleiro. Às vezes está totalmente submerso, outras não, mas está sempre sujeito à ondulação.
É uma forma perigosa e desesperada de viajar, mas não é inédita. “Entre 2019 e 2022 encontrámos 19 pessoas a viajar assim, no leme ou nas reentrâncias onde estão os lemes”, diz ao Expresso Txema Santana, que tem a pasta das migrações no governo regional das ilhas Canárias. Não tem dúvidas de que é um jogo de azar. É impossível saber quantos terão caído ao mar. A rota das Canárias é a mais perigosa do mundo. “Há mais de 28 anos que aqui chegam barcos”, diz. Segundo a Organização Internacional para as Migrações, um em cada cinco mortos ou desaparecidos contabilizados em rotas migratórias de todo o mundo em 2021 pereceu a caminho deste arquipélago.