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Arábia Saudita festejou golos, ONU lamentou execuções

Arábia Saudita festejou golos, ONU lamentou execuções
HASSAN AMMAR/Getty Images

No dia em que a Arábia Saudita celebrou uma vitória no Mundial, a ONU alertou para condenações à morte por crimes relacionados com droga. Desde 10 de novembro morreram 17 pessoas, e está em risco um homem cujo caso já foi evocado quando a Fórmula 1 decidiu competir no país

As Nações Unidas alertaram esta semana que a Arábia Saudita está de novo a aplicar a pena de morte a pessoas condenadas por crimes relacionados com drogas. Ao longo das últimas duas semanas, foram executadas pessoas quase diariamente. Segundo a ONU, desde 10 de novembro foram executados 17 homens, os últimos três na segunda-feira.

“Como as execuções na Arábia Saudita só são confirmadas depois de acontecem, não temos informação sobre quantas pessoas podem estar no corredor da morte. No entanto, segundo relatórios que recebemos, um jordano, Hussein abo al-Kheir, pode estar em risco de execução iminente”, disse Liz Throssell, porta-voz para o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos.

A ONU já tinha analisado o caso, tendo concluído que Hussein abo al-Kheir foi detido arbitrariamente, sem base jurídica. A organização mostra-se preocupada com o seu direito a um julgamento justo.

Assembleia-Geral da ONU pediu moratória

Throssell apelou ao Governo saudita para travar a execução e libertar al-Kheir, descrevendo a decisão de voltar a executar pessoas associadas a crimes relacionados com droga como “passo profundamente lamentável”. E lamentou que a alteração tenha acontecido apenas “dias depois de uma maioria dos Estados terem pedido na Assembleia-Geral da ONU uma moratória mundial à pena de morte”.

O aviso surgiu terça-feira, o dia em que a Arábia Saudita esteve em destaque por vencer um jogo contra a Argentina no Campeonato do Mundo de Futebol. O jornal “The New York Times” escreveu que após a vitória, o reino declarou o dia seguinte feriado nacional e as celebrações públicas foram também visíveis no Egito, Jordânia e até entre houthis no Iémen.

As competições passam, os alertas mantêm-se

Se o Mundial de Futebol está a chamar a atenção para as violações de direitos humanos no Catar, a Arábia Saudita também esteve sob atenção mediática pelos mesmos motivos, quando a Fórmula 1 confirmou que iria ter uma corrida no país em 2021. Este ano a Arábia Saudita voltou a integrar o calendário.

Em 2020, ano em que se soube que a Fórmula 1 iria passar pela Arábia Saudita, foi chamada atenção para a situação de Hussein abo al-Kheir. A sua irmã escreveu ao piloto Lewis Hamilton, a pedir apoio. “Caro Lewis, escrevo-te na esperança de que possas salvar a vida do meu irmão”, escreveu Zeinab Abu Al-Kheir, citada pela agência Associated Press.

No entanto, Hamilton disse mais tarde em conferência de imprensa que não tinha conhecimento da correspondência. Nesse ano, o piloto mostrou-se crítico quanto a correr no país. “Sinto-me confortável aqui? Não diria isso”, afirmou, acrescentando que a escolha não era sua, mas da modalidade desportiva.

ANDREJ ISAKOVIC/Getty

Não foi o único apelo que Hamilton recebeu com casos de direitos humanos da Arábia Saudita. O jornal britânico The Guardian” escreve que ainda este ano a família de um adolescente condenado à morte lhe escreveu a pedir para falar sobre o caso. “Seja em conversas privadas com as autoridades ou em público quando estiveres aqui na Arábia Saudita para correr, acreditamos que possa fazer a diferença”, escreveram.

A Amnistia Internacional emitiu um comunicado em março deste ano a apelar às autoridades da Arábia Saudita para abolirem a pena de morte, depois de o Ministério do Interior saudita ter anunciado a execução de 81 pessoas num só dia, por vários tipos de ofensas criminais.

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