Internacional

Corrupção, escravatura, poluição: retrato do Catar, o país do Mundial mais polémico da história

18 novembro 2022 22:55

COMPROMISSO O presidente da FIFA, Gianni Infantino (à esq.), cumprimenta o emir Tamim al-Thani do Catar, no Centro de Convenções e Exposições de Doha, em abril, durante o sorteio do Mundial de Futebol

francois-xavier marit/afp/getty images

Os petrodólares podem comprar consciências, mas nem sempre lavam mais branco. Nunca as aberrações ambientais e a violação de direitos humanos marcaram tanto um Mundial de Futebol como no Catar. Que país é este que se prepara para receber a partir de domingo um milhão de adeptos, milhares de jornalistas e elementos da FIFA, bem como 32 seleções?

18 novembro 2022 22:55

Quando no domingo, 20 de novembro, às 19h locais (16h de Lisboa), a bola começar a rolar no estádio Al-Bayt no jogo de abertura Catar-Equador, iniciar-se-á o mais estranho dos mundiais de futebol. Decorre num país sem tradição futebolística mas com o maior PIB per capita do mundo (61.276 dólares em 2021). Obedece a um calendário anómalo, realizando-se em novembro e obrigando a interromper os campeonatos nacionais e até provas internacionais como a Liga dos Campeões.

Inicialmente pensado para julho, no quadro do calendário habitual, teve que passar para o outono, ainda que de início a FIFA acreditasse que era possível climatizar eficazmente bancadas e relvados. “Com temperaturas máximas de 40 ou 50 graus, aumentavam os riscos de desidratação e problemas cardiovasculares. Não era possível jogar naquelas condições”, recordou Michel D’Hooghe, antigo responsável pela comissão médica da FIFA em recente entrevista ao diário francês “Le Monde”. Mesmo após a passagem para novembro, o risco de calor obrigou a marcar os jogos para o fim do dia (hora local, três horas mais tarde que em Lisboa) com eventual recurso à climatização dos estádios e os custos energéticos correspondentes.