Portugal é “forte parceiro no domínio da energia”, diz embaixadora dos Estados Unidos em Lisboa
Randi Charno Levine é embaixadora dos Estados Unidos em Portugal desde abril de 2022
Horacio Villalobos Horacio/Corbis/Getty Images
Representante de Washington no nosso país confia nas parcerias bilaterais e assegura que não serão afetadas pelo desenlace das eleições para o Congresso marcadas para a próxima terça-feira
Portugal partilha a visão estratégica de Joe Biden para a energia, garante Randi Charno Levine. A embaixadora dos Estados Unidos em Lisboa expressou, em declarações à agência Lusa, confiança nos benefícios para a Europa de uma estratégia energética que valorize o papel de Portugal como plataforma de distribuição.
“Concordamos em muitas questões, como a necessidade de construir uma ponte energética entre a Península Ibérica e o Norte de África, para o resto da Europa, através do gasoduto marítimo Corredor de Energia Verde. Quando for construído, esperamos que mais gás ‘verde’ flua por este corredor”, disse a diplomata.
Escusa-se, ainda assim, a comentar a possibilidade de Portugal servir de porto de acolhimento de energia vendida pelos Estados Unidos para a Europa, num cenário que passaria pela utilização do porto de Sines para receber petróleo e gás do seu país, para depois o distribuir pela Europa central. A embaixadora recorda que Portugal apoia as iniciativas de reforço das cadeias de abastecimento de matérias-primas essenciais para as tecnologias de energia limpa, incluindo turbinas eólicas ou veículos elétricos, em consonância com a visão do Presidente americano.
Câmaras de televisão num ato de campanha para as eleições de 8 de novembro nos Estados Unidos, no Estado da Virgínia
Este tem participado em comícios para as eleições de 8 de novembro (que renovam parte do Congresso), apoiando candidatos do Partido Democrata e fazendo da agenda energética uma das bandeiras da campanha. Acusa o Partido Republicano de não ter estratégia ambiciosa no campo ambiental.
Levine assegura que o seu Governo “apoia fortemente os esforços de Portugal para usar os seus recursos minerais críticos, como o lítio, para construir uma cadeia de abastecimento de alto valor”, no sentido de melhorar a transição para as energias renováveis. “Estes esforços irão proporcionar oportunidades económicas para Portugal e para os Estados Unidos, além de aumentar a segurança energética de ambos os países, diversificando as cadeias de abastecimento.”
Receios de fraude infundados
A representante de Washington em Lisboa acredita que as eleições de terça-feira vão decorrer de forma tranquila. Serão as primeiras após a invasão do Capitólio pelos apoiantes do ex-Presidente Donald Trump, o que suscita receios de nova contestação à integridade do processo eleitoral. Diz a diplomata: “O nosso Departamento de Justiça está empenhado em garantir que todos os eleitores possam votar, que os seus votos sejam contados, sem discriminação ou intimidação”. Refere em especial as minorias.
A embaixadora afasta cenários de fraude eleitoral, apesar de grupos extremistas nos Estados Unidos estarem apreensivos sobre a transparência do processo. “As autoridades eleitorais dos Estados Unidos e os especialistas em segurança eleitoral sabem que a fraude eleitoral é extremamente rara. O nosso sistema tem fortes mecanismos de controlo, que permitem proteger a integridade do processo de votação”, afirma Levine.
O apresentador de TV Tucker Carlson, ao centro, entre a congressista republicana Marjorie Taylor Greene e o ex-Presidente Donald Trump, durante um torneio de golfe em julho passado
Lembra ainda que a Agência de Segurança Cibernética e Infraestruturas (tutelada pelo Departamento de Justiça) considerou as presidenciais de 2020 “as mais seguras da história dos Estados Unidos” e previu a manutenção destas condições de segurança no futuro. Desmente, pois, as alegações que Trump continua a lançar.
Para Levine, o resultado das eleições em nada afeta as relações entre os dois países. “Portugal e os Estados Unidos mantêm laços bilaterais estreitos desde 1791, quando Portugal se tornou a primeira nação neutra a reconhecer os Estados Unidos após a Guerra da Independência”, lembrou. “Quer se trate dos fortes laços das nossas orgulhosas comunidades portuguesas nos Estados Unidos, da nossa aliança através da NATO ou dos nossos valores partilhados de democracia, direitos humanos e compromisso com o Estado de Direito, a amizade dura há mais de 200 anos e isso fala por si”, concluiu.
As eleições de terça-feira determinarão que partido controla o Congresso nos dois últimos anos do mandato de Biden. Serão renovados os 435 lugares na Câmara dos Representantes, onde os democratas têm estreita maioria de cinco assentos, e 35 lugares no Senado, onde os democratas têm maioria apenas graças ao voto de desempate da vice-presidente Kamala Harris. Estão ainda em jogo 36 governos estaduais e vários referendos a medidas sobre questões-chave, incluindo aborto e drogas leves.
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