A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, admitiu esta segunda-feira ter enviado, em seis ocasiões, documentos de trabalho go Governo do Reino Unido para a sua conta de correio eletrónico (email) pessoal, uma violação do código ministerial.
A revelação foi feita numa carta à comissão parlamentar de Assuntos Internos para explicar as circunstâncias em que partilhou um documento de Estado com um deputado do Partido Conservador (o mesmo em que milita a ministra). Essa infração resultou na sua demissão do Executivo de Liz Truss em 19 de outubro.
Braverman foi reconduzida no cargo seis dias depois pelo sucessor de Truss, o novo primeiro-ministro Rishi Sunak. Essa reabilitação atraiu críticas da oposição e até de deputados do Partido Conservador.
Na carta ao Parlamento, Braverman explica que o documento em causa era uma versão preliminar de um documento oficial de quatro páginas com propostas sobre imigração legal e ilegal, incluindo para liberalizar o atual sistema de pontos para trabalhadores não qualificados.
Ministra garante que risco era baixo
O documento, vincou, “não continha qualquer informação relacionada com a segurança nacional, os serviços de informações, a segurança cibernética ou a aplicação da lei”, nem estava classificado como secreto. Braverman contou que partilhou o documento com o deputado John Hayes e a respetiva secretária, mas por erro enviou-o para outro funcionário parlamentar.
A carta de sete páginas inclui uma extensa cronologia do dia em que ocorreu o incidente e justificações para a violação das regras. Braverman alega que foi a primeira vez que usou o correio eletrónico pessoal para partilhar um documento oficial com alguém fora do Governo.
“Embora o nível de risco fosse baixo, o documento não dissesse respeito a questões de segurança nacional ou de aplicação da lei e a violação tenha sido rápida e proativamente comunicada aos funcionários, decidi assumir toda a responsabilidade, apresentando a minha demissão”, argumentou.
A ministra explicou que o envio de documentos oficiais para o email pessoal foi uma forma de poder continuar a trabalhar enquanto usava o telemóvel de trabalho em videoconferências. “Lamento os erros de juízo acima expostos”, escreve, mostrando-se “contente por poder voltar” ao cargo. Assegura que as questões foram discutidas com Sunak.
“Na discussão da minha nomeação com o novo primeiro-ministro, referi este erro e pedi-lhe desculpa”, garantiu. Braverman apresenta “garantias” de que não voltará a utilizar o correio eletrónico pessoal para assuntos oficiais e que respeitaria o Código Ministerial.
Trabalhistas criticaram renomeação
A recondução da ministra na semana passada, seis dias após a demissão, foi criticada pelo Partido Trabalhista. A oposição pede um inquérito sobre se o novo chefe de Governo foi aconselhado a não escolher Braverman devido ao sucedido e a notícias de que a ministra teria cometido outras irregularidades.
Sunak respondeu na Câmara dos Comuns que “a ministra do Interior cometeu um erro de juízo, mas reconheceu-o”. Declara-se “encantado por tê-la num Governo unido que oferece experiência e estabilidade”.
A recondução também foi questionada por deputados do partido do Governo na semana passada. Em declarações à TalkTV, Jake Berry, antigo presidente do Partido Conservador, acusou Braverman de ter cometido "múltiplas violações" do código ministerial.
Caroline Nokes, deputada conservadora, disse à BBC que havia “grandes problemas” em causa e que estas questões deviam ser esclarecidas. Para o deputado Mark Pritchard, responsável por questões de segurança, a agência de informações “MI5 precisa de ter confiança na ministra do Interior”.
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