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Ministra do Interior britânica admite ter usado email pessoal várias vezes para enviar conteúdos de Estado

Ministra do Interior britânica, Suella Braverman
Ministra do Interior britânica, Suella Braverman
HENRY NICHOLLS/REUTERS

A revelação foi feita esta segunda-feira numa carta de Suella Braverman à comissão parlamentar de Assuntos Internos, para explicar as circunstâncias em que partilhou com um deputado conservador um documento de Estado. Isso resultou na sua demissão do governo de Liz Truss em 19 de outubro. Seis dias depois, o novo primeiro-ministro, Rishi Sunak, reabilitou a ministra

A ministra do Interior britânica, Suella Braverman, admitiu esta segunda-feira ter enviado, em seis ocasiões, documentos de trabalho go Governo do Reino Unido para a sua conta de correio eletrónico (email) pessoal, uma violação do código ministerial.

A revelação foi feita numa carta à comissão parlamentar de Assuntos Internos para explicar as circunstâncias em que partilhou um documento de Estado com um deputado do Partido Conservador (o mesmo em que milita a ministra). Essa infração resultou na sua demissão do Executivo de Liz Truss em 19 de outubro.

Braverman foi reconduzida no cargo seis dias depois pelo sucessor de Truss, o novo primeiro-ministro Rishi Sunak. Essa reabilitação atraiu críticas da oposição e até de deputados do Partido Conservador.

Na carta ao Parlamento, Braverman explica que o documento em causa era uma versão preliminar de um documento oficial de quatro páginas com propostas sobre imigração legal e ilegal, incluindo para liberalizar o atual sistema de pontos para trabalhadores não qualificados.

Ministra garante que risco era baixo

O documento, vincou, não continha qualquer informação relacionada com a segurança nacional, os serviços de informações, a segurança cibernética ou a aplicação da lei”, nem estava classificado como secreto. Braverman contou que partilhou o documento com o deputado John Hayes e a respetiva secretária, mas por erro enviou-o para outro funcionário parlamentar.

A carta de sete páginas inclui uma extensa cronologia do dia em que ocorreu o incidente e justificações para a violação das regras. Braverman alega que foi a primeira vez que usou o correio eletrónico pessoal para partilhar um documento oficial com alguém fora do Governo.

Embora o nível de risco fosse baixo, o documento não dissesse respeito a questões de segurança nacional ou de aplicação da lei e a violação tenha sido rápida e proativamente comunicada aos funcionários, decidi assumir toda a responsabilidade, apresentando a minha demissão”, argumentou.

A ministra explicou que o envio de documentos oficiais para o email pessoal foi uma forma de poder continuar a trabalhar enquanto usava o telemóvel de trabalho em videoconferências. Lamento os erros de juízo acima expostos”, escreve, mostrando-se contente por poder voltar” ao cargo. Assegura que as questões foram discutidas com Sunak.

Na discussão da minha nomeação com o novo primeiro-ministro, referi este erro e pedi-lhe desculpa”, garantiu. Braverman apresenta “garantias de que não voltará a utilizar o correio eletrónico pessoal para assuntos oficiais e que respeitaria o Código Ministerial.

Trabalhistas criticaram renomeação

A recondução da ministra na semana passada, seis dias após a demissão, foi criticada pelo Partido Trabalhista. A oposição pede um inquérito sobre se o novo chefe de Governo foi aconselhado a não escolher Braverman devido ao sucedido e a notícias de que a ministra teria cometido outras irregularidades.

Sunak respondeu na Câmara dos Comuns que “a ministra do Interior cometeu um erro de juízo, mas reconheceu-o”. Declara-se encantado por tê-la num Governo unido que oferece experiência e estabilidade.

A recondução também foi questionada por deputados do partido do Governo na semana passada. Em declarações à TalkTV, Jake Berry, antigo presidente do Partido Conservador, acusou Braverman de ter cometido "múltiplas violações" do código ministerial.

Caroline Nokes, deputada conservadora, disse à BBC que havia grandes problemas em causa e que estas questões deviam ser esclarecidas. Para o deputado Mark Pritchard, responsável por questões de segurança, a agência de informações MI5 precisa de ter confiança na ministra do Interior.

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