Clérigo iraniano diz que o povo tem “direito de criticar” os governantes

Um dos clérigos mais importantes do Irão defendeu esta sexta-feira que o povo tem o “direito de criticar” os seus dirigentes, numa altura em que o país enfrenta uma onda de protestos há mais de um mês. “As pessoas têm o direito de criticar os líderes da sociedade muçulmana, sejam as críticas justificadas ou não”, afirmou o ayatollah xiita Javad Alavi-Borujerdi, citado pela agência de notícias iraniana Shafaqna.
Este religioso, de 68 anos, é neto do grande ayatollah Hossein Borujerdi, principal figura do clero xiita no século XX. “As pessoas têm coisas a dizer e não concordam com o que estão a fazer”, disse o ayatollah em relação às medidas tomadas pelas autoridades.
A indignação no Irão pela morte, a 16 de setembro, de Mahsa Amini, curda iraniana de 22 anos, provocou a maior onda de protestos contra o Governo da República Islâmica desde 2019. Reclama-se ainda contra o aumento dos preços da gasolina, num país rico em petróleo.
Masha Amini foi detida a 13 de setembro pela polícia da moralidade, em Teerão, por ter alegadamente infringido o rígido código de vestuário para as iranianas, em particular o uso do véu. As manifestações espalharam-se por inúmeras cidades e dezenas de manifestantes, bem como membros das forças de segurança, foram mortos. Outras centenas foram detidas pelas autoridades do país.
“Algumas pessoas foram detidas e estão na prisão”, disse o ayatollah Alavi-Borujerdi. “Tratem-nas com gentileza.” No dia 26 de setembro, o ayatollah Hossein Nouri Hamedani, importante clérigo conservador e defensor do líder supremo Ali Khamenei, também pediu às autoridades que “escutem as exigências do povo”.
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