Internacional

Foi na Rússia que a liberdade da Internet mais caiu no último ano, alerta a Freedom House

Marcha pela liberdade na Internet em Moscovo
Marcha pela liberdade na Internet em Moscovo
Sefa Karacan/Anadolu/Getty Images

Organização sem fins lucrativos associa invasão da Ucrânia com novas restrições impostas pelo Kremlin. Cidadãos do país agredido têm dado mostras de resistência tenaz

A Rússia foi o país onde a liberdade na Internet mais caiu no último ano, acusa a organização Freedom House no seu relatório anual. Além de indicar que a liberdade global online desce há 12 anos seguidos, o documento aponta os esforços do Kremlin por controlar a informação no contexto da guerra como fonte da quebra registada.

A Rússia atingiu o nível mais baixo de sempre neste indicador desde a invasão da Ucrânia, com o maior declínio nacional do ano, sete pontos. Poucas semanas após o início do conflito, a 24 de fevereiro, o Kremlin bloqueou as redes sociais Facebook, Instagram e Twitter, privando os russos de acesso a informações fiáveis sobre a guerra e limitando a sua capacidade de comunicarem com com utilizadores de outros países.

O Governo de Vladimir Putin também bloqueou mais de 5000 sites, obrigou os meios de comunicação a referirem-se à invasão como “operação militar especial” e impôs penas de até 15 anos de prisão para quem divulgar o que considera serem “informações falsas”. Estas restrições “aumentaram significativamente os riscos associados ao ativismo online e aceleraram o encerramento ou exílio dos meios de comunicação independentes que restavam no país”.

Ucrânia não ficou incólume

As ações dos militares russos na Ucrânia também minaram a liberdade de internet do país vizinho. Na cidade de Kherson, no sul, as tropas russas forçaram os prestadores de serviços a redirecionar o tráfego da internet pelas redes russas na primavera e verão de 2022, deixando os ucranianos sem acesso às principais redes sociais e a uma infinidade de sites de notícias.

“Embora os meios de comunicação online continuem corajosamente a cobrir a invasão, os seus repórteres enfrentaram grande perigo ao realizar seu trabalho. Vários jornalistas afiliados a esses sites foram mortos pelas forças russas”, frisa o relatório. As empresas tecnológicas Google, Twitter e Meta limitaram os conteúdos de meios de comunicação estatais russos nas suas plataformas e lançaram recursos de segurança para reduzir riscos, como a possibilidade de aceder a plataformas de forma segura e anónima.

Já o Governo e o povo ucranianos “mostraram uma resiliência surpreendente durante a invasão”, com funcionários do executivo e empresas de telecomunicações “a trabalharem juntos para reparar a infraestrutura da internet e garantir o acesso a recursos e informações online, que podem salvar vidas no meio de um conflito armado”, considera a Freedom House.

Repressão não é de agora

“As operadoras de telecomunicações ucranianas permitiram que os utilizadores alternassem entre operadoras quando o sinal de sua operadora principal não estava disponível e realizaram grandes esforços para fornecer acesso Wi-Fi a abrigos antiaéreos”, salienta o documento.

Contudo, a repressão imposta pelo Kremlin aos meios virtuais não é de agora. Desde a adoção da Lei Soberana da Internet em 2019, o Kremlin consolidou o controlo sobre a infraestrutura e intensificou o bloqueio de plataformas estrangeiras, VPN s e sites internacionais, destacou a Freedom House.

“A miríade de regulamentações e práticas nacionais que contribuem para a fragmentação – intencionalmente ou não – está a ser imposta por Governos em todo o espetro democrático, mas há distinções cruciais. Regimes autoritários em países como China, Irão e Rússia estão a tentar isolar o seu povo do resto do mundo”, considera.

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