O rosto da direita radical francesa, Marine Le Pen, líder da União Nacional, afirmou este sábado numa entrevista dada ao canal francês BFMTV que, desde o movimento dos coletes amarelos (protestos que começaram com manifestações na França em outubro de 2018 e, posteriormente, se espalharam para outros países) foi colocada “uma tampa na panela de pressão” e considera que o governo francês assobiou para outro lado.
“Todos aqueles que têm contato com o povo francês e suas preocupações estão bem cientes de que a raiva está a ferver.”, afirmou em jeito de aviso e provocação. A líder da extrema direita propõe uma redução do IVA sobre a energia de 20% para 5,5%, porque “a energia é uma necessidade básica, um bem essencial”. E considera que isso “permite uma redução permanente no preço do gás, eletricidade e combustível.” Referiu ainda que o governo de Emmanuel Macron devia impor uma negociação salarial à Total, a maior empresa de combustível francesa, ameaçando-a com impostos sobre os super-lucros. As refinarias da Total encontram-se, neste momento, em greve, tendo provocado a escassez de gasolina no mercado.
E considera que “a falta de antecipação do governo francês resulta numa situação de “bloqueio” dos franceses. “Peço uma grande concertação obre salários, peço que levemos a sério esse problema dos baixos salários no nosso país. Durante a eleição presidencial, havíamos antecipado a necessidade de aumentar os salários, propondo às empresas que aumentassem os seus funcionários em 10% sem aumentar os encargos pagos pelas empresas.” Em França estão a acontecer várias manifestações este domingo, sendo a maior aquela que tem lugar em Paris, “contra a vida cara e a inação face às alterações do clima” e que desaguará na Praça da Bastilha.
A líder da direita radical francesa ainda lançou um ataque ao Islão, adiantando nesta entrevista que “é preciso fazer uma lei contra a ideologia islâmica", “que deve ser considerada ilegal”, referindo-se a este propósito ao assassínio do professor Samuel Paty, há dois anos.
Recorde-se que em abril deste ano a candidata presidencial francesa da extrema-direita e pessoas próximas dela foram acusadas de ter desviado cerca de 600.000 euros de dinheiro público durante os respetivos mandatos como eurodeputados, aponta um relatório do Organismo Europeu de Luta Antifraude
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