Condenados a 40 anos de prisão assassinos de jornalista maltesa
Os dois irmãos retiraram a declaração de inocência e confessaram a culpa no primeiro dia do julgamento. Estavam presos preventivamente desde dezembro de 2017
Os dois irmãos retiraram a declaração de inocência e confessaram a culpa no primeiro dia do julgamento. Estavam presos preventivamente desde dezembro de 2017
Os assassinos malteses Alfred e George Degiorgio foram condenados nesta sexta-feira a 40 anos de prisão cada, depois de confessar a morte criminosa da jornalista de investigação Daphne Caruana Galizia há cinco anos, em 16 de outubro de 2017.
Os dois irmãos, de 57 e 59 anos, respetivamente, presos preventivamente desde dezembro de 2017, retiraram a declaração de inocência e confessaram a sua culpa no primeiro dia do julgamento, segundo a imprensa local.
Daphne Caruana Galizia, que havia investigado o suposto envolvimento da classe política maltesa com os Panama Papers e descoberto escândalos de corrupção e máfia, foi morta depois de um engenho explosivo ser ativado no carro onde seguia, um ataque que chocou a opinião pública e levou à renúncia do então primeiro-ministro, Joseph Muscat.
Os irmãos Degiorgio concordaram em admitir a responsabilidade pelo crime em troca de benefícios de prisão e uma pena de 40 anos de prisão, caso contrário, enfrentariam prisão perpétua. A juíza Edwina Grima proferiu a sentença e obrigou-os a pagar também, cada um, 43 mil euros em custas processuais, noticiou o jornal digital Times of Malta.
Até agora, o caso está envolto em torno de quatro sujeitos: o empresário Yorgen Fenech, acusado de planear o assassinato e que foi preso em 2019 quando tentava deixar Malta a bordo do seu iate, e os autores, os irmãos Degiorgio e um terceiro cúmplice, Vince Muscat, condenado a 15 anos em fevereiro de 2019.
O taxista Melvin Theuma, acusado de ser intermediário entre o mandante do assassinato e os assassinos e que foi amnistiado por ajudar a esclarecer o caso, disse que o empresário Fenech foi o "único cérebro" do crime.
A jornalista, autora do blogue Running Commentary, investigava uma série de supostos casos de corrupção no governo maltês e as ligações ao narcotráfico e ao crime organizado que se espalharam por toda a ilha, estado da União Europeu.
Após as primeiras prisões, o escândalo multiplicou-se quando o magnata Fenech, perseguido pelas investigações da jornalista, acusou o chefe de gabinete do primeiro-ministro, Keith Schembri. Este e vários ministros deixaram o cargo quando eram suspeitos de ter laços financeiros com o empresário.
O Ministério Público acusou os três assassinos, os irmãos Degiorgio e Vincet Muscat de colocar a bomba no carro e ativá-la, e considera Fenech o mandante do crime. O empresário aguarda julgamento e nega a acusação.
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