A China manifestou hoje “satisfação” com o apoio demonstrado por Elon Musk a uma “reunificação pacífica” do país com Taiwan, enquanto Taipé criticou os comentários do presidente executivo da fabricante de veículos elétricos Tesla.
A porta-voz do ministério dos Negócios Estrangeiros da China, Mao Ning, disse em conferência de imprensa que espera ver “mais e mais pessoas” a serem capazes de “entender e apoiar” a reunificação da ilha com a China continental.
Citado pelo jornal Financial Times, Musk afirmou que Taiwan devia tornar-se uma região administrativa especial da China, à semelhança de Hong Kong e Macau.
“A minha sugestão seria estabelecer uma região administrativa especial que fosse razoável e viável para Taiwan, mas isso pode não satisfazer toda a gente”, disse o empresário norte-americano. "Acho que eles [Taiwan] podem chegar a acordos mais flexíveis do que aquilo que foi feito em Hong Kong", acrescentou.
Hong Kong e Macau gozam de um elevado grau de autonomia a nível executivo, legislativo e judiciário, por um período de 50 anos após a transferência da soberania dos dois territórios para a República Popular da China, a partir do Reino Unido e Portugal, respectivamente, no âmbito do princípio ‘um país, dois sistemas’.
Também o embaixador da China em Washington, Qin Gang, reagiu às declarações de Musk, afirmando, na rede social Twitter, que a “reunificação pacífica” e o modelo ‘um país, dois sistemas’, são os “princípios base da China para resolver a questão de Taiwan”.
“Desde que a soberania, a segurança e os interesses de desenvolvimento da China sejam garantidos após a reunificação, Taiwan desfrutará de um alto grau de autonomia, como região administrativa especial, e amplo espaço para se desenvolver”, acrescentou Qin.
O Partido Democrático Progressista (PDD), atualmente no poder em Taiwan, enfatizou por meio do Gabinete para os Assuntos do Continente chinês que "Taiwan não aceitará" a proposta do empresário, que “considera apenas os interesses dos seus investimentos”.
Mais de 30% dos veículos da Tesla são produzidos na fábrica do grupo em Xangai, a “capital” económica da China. O país asiático é também o segundo maior mercado da marca, a seguir aos Estados Unidos.
China e Taiwan vivem como dois territórios autónomos desde 1949, altura em que o antigo governo nacionalista chinês se refugiou na ilha, após a derrota na guerra civil frente aos comunistas. Pequim considera Taiwan parte do seu território e ameaça a reunificação através da força, caso a ilha declare formalmente a independência.
Washington passou a reconhecer, em 1979, a liderança em Pequim como o único governo legítimo de toda a China, rompendo os contactos oficiais com Taipé. No entanto, os Estados Unidos continuam a ser o maior aliado e fornecedor de armas de Taiwan.
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