Tailândia: balanço de ataque em creche sobe para 35 mortos

Ex-polícia que foi despedido por posse de droga matou 24 crianças e 11 adultos, incluindo a própria mulher e filho, antes de se suicidar
O ex-polícia tailandês que atacou uma creche no nordeste da Tailândia matou 24 crianças e 11 adultos, incluindo a sua mulher e filho, segundo um novo balanço divulgado pelas autoridades.
O atacante, que usou pelo menos uma arma de fogo e uma faca, matou 22 crianças (19 rapazes e três raparigas), e dois adultos na creche, disse a polícia. O atirador terá começado por disparar contra os adultos, antes de conseguir entrar numa sala onde estavam 24 crianças a dormir.
Depois de ter fugido, continuou a disparar a partir do carro, atingindo várias pessoas na rua, disse o general Paisal Luesomboon, da polícia tailandesa, à agência norte-americana AP. Fora da creche, matou duas crianças e 10 adultos, incluindo a mulher e o filho de dois anos que frequentava a creche atacada, antes de se suicidar.
“(O atirador) foi procurar o seu filho de dois anos, mas o menino não estava lá… então ele começou a atirar e esfaquear pessoas na creche”, disse o porta-voz da polícia, major-general Paisan Luesomboon, à CNN Internacional.
Também há a registar 15 feridos, oito dos quais em estado grave, disse a polícia. As autoridades locais apelaram à população para que doasse sangue.
O ataque começou cerca das 12h30 locais (7h30 em Lisboa), e ocorreu numa creche frequentada por crianças com idades entre os 2 e os 5 anos. A creche situa-se na cidade de Uthai Sawan, na província de Nong Bua Lamphu, a cerca de 200 quilómetros a nordeste da capital tailandesa, Banguecoque.
Desconhece-se o motivo do ataque, mas as autoridades disseram que o suspeito, identificado como Panya Khamrab, 34 anos, tinha sido expulso da polícia em junho, por ter sido encontrado na posse de drogas, e deveria comparecer em tribunal na sexta-feira num processo relacionado, noticiou o jornal tailandês Daily News.
A polícia suspeita que o atacante estivesse sob a influência de droga na altura do ataque, segundo o jornal tailandês Bangkok Post.
A notícia espalhou-se rapidamente por todo o país e desencadeou cenas de desespero e angústia em Uthai Sawan, uma cidade rural com cerca de 80 mil habitantes.
Dezenas de familiares das vítimas correram para o infantário, que foi isolado pela polícia, em busca de informações sobre os acontecimentos e as identidades das vítimas. Algumas das mães em desespero tiveram de receber atenção médica, enquanto outras foram confortadas por outros residentes, de acordo com imagens divulgadas nas redes sociais por testemunhas, citadas pelas agências internacionais.
Uma das professoras que estavam na creche descreveu os momentos aterradores e testemunhou que o atacante “disparava, partia vidros e matava” adultos e crianças.
O primeiro-ministro tailandês, Prayut Chan-ocha, ordenou ao chefe da polícia que viajasse para Uthai Sawan para coordenar as investigações e apresentou condolências às famílias das vítimas, segundo anunciou nas redes sociais.
A posse de armas na Tailândia é relativamente alta em comparação com outros países do Sudeste Asiático, existindo 10,3 milhões de armas de fogo (ou cerca de 15 por cada 100 habitantes), mas apenas 6,2 milhões estão legalmente registadas. O país é o segundo da região com maior número de homicídios com arma de fogo, ficando apenas atrás das Filipinas.
Ataques deste género são raros na Tailândia, mas em fevereiro de 2020, um oficial do exército matou 29 pessoas depois de ter discutido com um superior.
Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: piquete@expresso.impresa.pt
Assine e junte-se ao novo fórum de comentários
Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes