Mari Alkatiri, secretário-geral da Frente Revolucionária do Timor-Leste Independente (Fretilin), pediu o fim da atribuição de vistos a timorenses para impedir situações de miséria e abandono dos imigrantes em Portugal. Em entrevista à Lusa em Lisboa, o líder da Fretilin considerou que, "em Timor-Leste, se deve travar esta onda de procura de vida fora do país, enquanto não houver um acordo de alto nível entre governos para acomodar isso".
Nos últimos dias tem sido notícia a situação de crise e abandono em que estão milhares de timorenses em Portugal, trazidos por redes criminosas para trabalhar no setor agrícola, uma situação social que já motivou pedidos de apoios de várias autarquias.
Trata-se de uma situação "chocante" que tem sido tema nos contactos feitos em Portugal com os governantes portugueses, admitiu Mari Alkatiri, antigo primeiro ministro de Timor-Leste. A vontade de emigrar dos timorenses mostra que "há uma juventude que perdeu a esperança" no futuro do país, que "já não vive da nostalgia do período da restauração da independência" e "quer um futuro concreto".
Sanções do Vaticano a Ximenes Belo
Em relação aos alegados abusos sexuais que visam Ximenes Belo, antigo administrador apostólico de Díli, o líder da Fretilin apela a que os católicos timorenses respeitem a posição do Vaticano. "A Igreja Católica é uma instituição milenar, que sabe como gerir os seus problemas internos" e "cada católico ou não católico deve procurar agora, de certa forma, acreditar no Vaticano na busca de uma solução equilibrada para este assunto", afirmou.
O Vaticano anunciou que impôs sanções disciplinares a Ximenes Belo nos últimos dois anos, após ter recebido alegações de que o prelado teria abusado sexualmente de menores no seu país nos anos 1990. As sanções incluem limites aos movimentos do bispo e ao exercício do seu ministério, bem como a proibição de manter contactos voluntários com menores ou com Timor-Leste, tendo as penas sido agravadas em 2020.
Mais cooperação económica com Portugal
Na entrevista à Lusa, Mari Alkatiri propôs também uma nova relação de cooperação, mais económica, entre Portugal e Timor-Leste, dando o exemplo do investimento nos estaleiros da Figueira da Foz, onde o país investiu 12 milhões de euros na aquisição de 95% dos estaleiros.
O líder da Fretilin explicou que essa relação económica tem sido o tema das conversas com políticos portugueses, entre os quais o Presidente da República, Marcelo Rebelo de Sousa, defendendo uma relação multilateral do quadro da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa (CPLP).
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