Internacional

Sidarta Ribeiro: “O Brasil está em risco de violência política”

25 setembro 2022 16:26

luiza mugnol

O neurocientista brasileiro fala sobre o momento vivido pelos brasileiros, antecipa duas semanas de tensão e antevê que sejam as mulheres a decidir o resultado das eleições presidenciais, cuja primeira volta ocorre a 2 de outubro

25 setembro 2022 16:26

Neurocientista, fundador do Instituto do Cérebro da Universidade Federal do Rio Grande do Norte, onde é responsável pelo Laboratório Sonho, Sono e Memória, Sidarta Ribeiro passou mais de uma década nos Estados Unidos a estudar a fisiologia do cérebro humano. Conselheiro da Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência, conseguiu que o seu livro “O Oráculo da Noite” levasse a história e a ­ciência dos sonhos a milhares de pessoas que nunca antes tinham tido acesso a um texto científico. Acredita que a maneira como vivemos está a conduzir-nos ao colapso, mas reconhece que temos um potencial de transformação sem precedentes. Sobre o Brasil, divide-se entre a esperança e a constatação da enorme dimensão dos problemas que o país enfrenta.

Traduza-me Brasil.

Essa pergunta é ótima, sobretudo a duas semanas das eleições brasileiras, que, para o bem ou para o mal, têm impacto planetário, não só porque o Brasil tem a maior parte da Amazónia no seu território, como produz alimentos importantes para o planeta, mas porque, acredito, tem o papel de defender a alegria e a vontade de viver, mas neste momento isso está em xeque. Existe um fundamentalismo ligado ao patriarcado, à violência e à opressão que está a ameaçar a democracia e a república brasileiras. Quero crer que as eleições vão dar uma demonstração clara de que não somos isso. A maior parte da população vive uma miséria material muito grande, existe um nível muito alto de analfabetismo. Como Lévi-Strauss afirmou, esse país ainda está em construção e já é ruína. Precisamos de cuidar disso.