Austrália presta tributo a Isabel II e discute mudança para República
O regresso dos trabalhos do Parlamento australiano é marcado por partidos a defenderem um debate sobre a possível transição da Austrália para uma República
O regresso dos trabalhos do Parlamento australiano é marcado por partidos a defenderem um debate sobre a possível transição da Austrália para uma República
Senadores e deputados australianos prestaram esta sexta-feira homenagem à Rainha britânica Isabel II, no regresso dos trabalhos do Parlamento, com alguns a defenderem um debate sobre a possível transição da Austrália para uma República.
O líder do partido ecologista, Adam Bandt, expressou condolências pela morte da monarca, mas reiterou o apoio a um regime republicano.
A Austrália tem “um novo chefe de Estado sem ter nada a dizer sobre o assunto. É o momento apropriado para falar respeitosamente sobre se isso é adequado”, disse.
O primogénito de Isabel II, o agora rei Carlos III de Inglaterra, foi proclamado em 11 de setembro chefe de Estado da Austrália, numa cerimónia realizada no Parlamento, em Camberra.
“Podemos oferecer as nossas condolências aos que estão pessoalmente em luto por ela, enquanto também falamos respeitosamente sobre o que isso significa para nós, como povo”, sublinhou Bandt.
Outra senadora do partido ecologista, Sarah Hanson-Young, falou sobre a necessidade de reconciliação com os povos indígenas da Austrália.
Isabel II “não retirou crianças aos pais, nem tentou pessoalmente remover e dizimar uma das culturas mais antigas do mundo”, disse Hanson-Young, no Senado australiano. No entanto, a monarca britânica era formalmente a chefe de um Estado que o fez, sublinhou a senadora. “Gerações de opressão, trauma e sofrimento como resultado da colonização devem ser reconhecidas”, acrescentou.
Na semana passada, o primeiro-ministro australiano, Anthony Albanese, disse que a prioridade no país passa por realizar um referendo sobre os direitos políticos dos povos indígenas, e não por substituir a monarquia por uma República.
Embora o líder do Partido Trabalhista, de centro-esquerda, seja um republicano convicto, Albanese recusou-se hoje a envolver-se no debate sobre uma eventual mudança de regime.
Em 1999, os australianos rejeitaram num referendo a mudança para uma República. No entanto, sondagens realizadas antes da morte de Isabel II mostraram que a maioria dos australianos era favorável ao fim da monarquia.
A questão republicana foi reavivada desde que Albanese chegou ao poder, em maio, nomeando prontamente o primeiro "vice-ministro para a República" do país, sugerindo que outro referendo podia ser realizado no futuro.
Depois da morte de Isabel II, Carlos III, de 73 anos, foi proclamado oficialmente novo rei do Reino Unido e de 14 países da Commonwealth.
Entre estes países está Antígua e Barbuda, cujo primeiro-ministro, Gaston Browne, prometeu já convocar, no período de três anos, um referendo sobre a transição para uma República.
Também o Belize e a Jamaica já tinham, este ano, demonstrado vontade em iniciar a transição para o regime republicano.
Em novembro, outro arquipélago das Caraíbas, Barbados, tornou-se uma República.
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