A Presidência norte-americana classificou esta quinta-feira como “vergonhoso” e “cruel” o envio, por governadores republicanos, de autocarros e aviões com migrantes para a luxuosa ilha de Martha's Vineyard, no nordeste dos Estados Unidos, e para Washington.
“Existe um mecanismo e meios legais (…) para gerir os migrantes. Quando os governadores republicanos interrompem este mecanismo e usam os migrantes como peões políticos, é vergonhoso”, realçou a porta-voz da Casa Branca, Karine Jean-Pierre.
A assessora considerou, durante a conferência de imprensa diária, a transferência de migrantes “uma manobra política premeditada" e "cruel".
Há meses que autoridades republicanas locais transportam imigrantes em autocarros para redutos democratas em todo o país.
Os republicanos acusam o Presidente dos EUA Joe Biden de ter transformado a fronteira com o México num ‘coador’ e estão a tentar colocar a imigração no centro da campanha para as eleições de novembro.
Embora o Governo de Biden tenha prometido tratar as pessoas que chegam à fronteira sul com humanidade, também está a tentar mostrar a sua firmeza, noticia a agência France-Presse (AFP).
Karine Jean-Pierre, ilustrando este equilíbrio, referiu esta quinta-feira que serão “deportados este ano mais indivíduos detidos na fronteira do que nunca".
"Estamos a consertar um sistema avariado. Não é como apertar um botão, leva tempo", defendeu ainda.
Na manhã de quinta-feira, dois autocarros com migrantes pararam junto da residência da vice-presidente Kamala Harris, em Washington, enviados pelo conservador governador do Texas, Greg Abbott.
Ao contrário de ocasiões anteriores, em que autocarros com imigrantes indocumentados chegavam à estação de comboios da cidade, Union Station, desta vez os veículos deixaram os passageiros ao lado da residência de Kamala Harris.
Em abril, Abbott anunciou a sua intenção de enviar imigrantes indocumentados para Washington, em resposta à decisão do Governo de Biden de rescindir um regulamento de saúde que permitia a expulsão destes devido à pandemia de covid-19, que não foi implementado devido ao bloqueio dos tribunais.
Mais tarde, em maio, o governador do Arizona, o também republicano Doug Ducey, imitou a medida e começou a enviar autocarros com migrantes para a capital.
No início de agosto, autocarros com migrantes começaram a chegar a Nova Iorque e este mês a Chicago.
Na quarta-feira, o governador da Florida, Ron DeSantis, uma estrela em ascensão da extrema-direita, reivindicou a responsabilidade pelo envio de dois aviões com migrantes para a luxuosa ilha de Martha's Vineyard, que se tornou para a direita o símbolo de todas as falhas da elite democrata.
A porta-voz da Casa Branca disse que é "profundamente perturbador" que os cerca de cinquenta migrantes venezuelanos, incluindo crianças, transportados para a ilha tenham sido "enganados sobre seu destino e o que os esperava na chegada".
Ron DeSantis justificou a sua decisão com a inação do governo de Joe Biden, que "não move um dedo" para proteger a fronteira dos EUA com o México.
"A Florida não é um Estado santuário [para migrantes]", salientou DeSantis, apontado como possível candidato presidencial em 2024, em conferência de imprensa.
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