Internacional

Liz Truss: a ideóloga pragmática que promete mudanças supersónicas. Vai unir os britânicos ou perder a maioria de Johnson?

11 setembro 2022 8:23

Ana França

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Liz Truss, esta terça-feira, ao lado do marido, ao chegar à sede do governo do Reino Unido

dan kitwood/getty images

Promete não aumentar impostos, não vai apostar na transição energética e escolheu vários ministros e secretários de Estados conhecidos pelas suas posições antieuropeístas. Liz Truss promete mudar o país em pouco tempo mas será que isso é bom? E é melhor para quem?

11 setembro 2022 8:23

Ana França

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Liz Truss, a nova líder dos conservadores britânicos e primeira-ministra do Reino Unido, foi eleita por 0,1% do país — cerca de 180 mil eleitores to­ries. Assim manda o sistema: se o líder do partido que venceu as últimas eleições por alguma razão deixa o seu cargo, troca-se de comandante, não se convocam eleições. Se colocarmos uma lupa sobre esses 0,1% da população, eis-nos perante um universo ainda mais restrito de britânicos: 44% têm 65 anos ou mais, 97% são caucasianos e 54% vivem em Londres ou no Sul de Inglaterra, onde se concentram os maiores ordenados do país.

A pergunta principal não podia ser mais óbvia: como vai Liz Truss governar para todos num país que é o segundo mais desigual do G7 no que toca à distribuição salarial, apenas acima dos Estados Unidos? “Há um risco para os conservadores, claro, Liz Truss não tem exatamente o mesmo nível de carisma de um Tony Blair [ex-primeiro-ministro trabalhista], mas tem opiniões e crenças bastante fortes. Nem toda a gente gostava de Thatcher na altura, mas o que é certo é que venceu repetidas eleições”, disse Alex Dawson, especialista em política britânica no instituto Global Counsel, numa conferência online sobre o futuro do Reino Unido na qual o Expresso participou na quarta-feira à tarde. “Os conservadores vão perder eleitores se não atacarem a subida do custo de vida”, completou.