«Em 1990 já os líderes políticos e o cidadão comum o olhavam com um dos grandes estadistas do século XX.» Isto era inquestionavelmente verdade a propósito da reputação de Mikhail Gorbatchov no Ocidente, onde o celebravam como o homem que, mais do que qualquer outro, era responsável por ter posto fim à Guerra Fria. De uma perspetiva ocidental, tinha virado as costas, assombrosamente, ao passado soviético, procurara introduzir a democracia e esforçara-se por eliminar a ameaça de uma guerra nuclear. Para os cidadãos dos antigos estados-satélites soviéticos da Europa Central, era a pessoa que tinha ajudado a libertá-los de mais de quarenta anos de domínio soviético. Na União Soviética, a história era outra. Enquanto a sua popularidade disparava no Ocidente, caía a pique no seu próprio país — embora só depois de 1990; até então tinha sido um líder popular. Na altura em que deixou o cargo, no final de 1991, a sua reputação era extremamente baixa a nível interno. Era visto largamente como tendo destruído a União Soviética. Tinha-se tornado líder de uma superpotência em 1985. Seis anos mais tarde, deixava a superpotência de outros tempos enfraquecida, empobrecida e humilhada. (...)
Personalidade e ascensão
Gorbatchov ascendeu ao pináculo do sistema soviético como participante arquetípico, um conformista, um apparatchik do regime reconhecidamente capaz, um crente sincero nos princípios marxistas-leninistas. Qualquer outro caminho para o topo teria sido impensável — e impossível. Assim, porque mudou tão categoricamente nos poucos anos em que esteve no poder? Terá sido o reconhecimento de que tinha estado enganado, até então, ao longo da vida? Terá sido o reconhecimento inteligente de que as falhas fundamentais do sistema soviético significavam que era insustentável frente às forças, tanto externas como internas, a favor de uma mudança de fundo? Terá sido arrastado por um idealismo reformista irrealista? Ou foi simples oportunismo — a adaptação às possibilidades à medida que apareciam? Compreender Gorbatchov colocava problemas àqueles que o conheciam bem — até a ele mesmo.
O espantoso drama no interior da União Soviética e na Europa Central entre 1985 e 1991 é em qualquer caso inexplicável sem tentar entender o enigma da extraordinária personalidade de Gorbatchov. Quando assumiu o poder na União Soviética, já a sua inextinguível autoconfiança, juntamente com o otimismo ingénuo de que os seus poderes de persuasão e a sua implacável energia podiam remodelar fundamentalmente um regime em tão desesperada necessidade de reformas, eram vincados traços do seu caráter. Acompanhava-os a impulsividade e a disposição de evitar o planeamento estratégico e, em vez disso, “deixar os processos desenvolverem-se”. Tinha também, o que era notável para um líder soviético, uma relutância inveterada em usar a força. Os seus atributos e as suas fraquezas andavam de mãos dadas. Em conjunto, faziam parte intrínseca da transformação histórica, não apenas da União Soviética, mas de toda a Europa, durante os seus anos no poder. Nascido em 1931 numa família rural pobre da aldeia de Privolnoe, um lugar remoto do distrito de Stavropol no Cáucaso do Norte, Gorbatchov tinha crescido sob a negra sombra do estalinismo e o impacto devastador da guerra. Ambos os seus avôs tinham sido presos sob Estaline, mas sobreviveram ao Gulag. O pai, Sergei, foi ferido durante a guerra (e até, erradamente, dado como morto), mas voltou como herói condecorado. Relatou mais tarde ao filho os horrores que tinha conhecido. Talvez isto tenha influenciado a posterior relutância de Mikhail em recorrer à violência para escorar o oscilante Império Soviético. A guerra foi um tempo de intenso medo e sofrimento, para os Gorbachev como para todas as famílias soviéticas. Os invasores alemães, de passagem por Privolnoe, deixaram a aldeia em ruínas. Mas os Gorbatchov foram poupados ao pior. Tinham sobrevivido. As condições de vida e de trabalho foram extremamente duras nos anos do pós-guerra. Mesmo assim, a infância de Mikhail foi feliz. Tinha uma ligação especialmente estreita com o pai, menos com a mãe, Maria, uma severa disciplinadora. Mikhail teve de crescer depressa durante a guerra. Foi para todos os efeitos filho único — o seu irmão Aleksandr, nascido em 1947, era dezasseis anos mais novo — e teve de trabalhar muito, fisicamente, para ajudar a mãe a obter um magro sustento enquanto o pai estava fora (empenhado em pesados combates em Kursk, Kiev e Kharkov). Isso ajudou-o a desenvolver independência e iniciativa. Destacou-se na escola local pela sua capacidade. Cedo mostrou também sinais de liderança. Começou, também, a desenvolver uma sede de conhecimento e autopromoção. Ambas as coisas foram traços duradouros do seu caráter. Revelou-se um rapaz seguro de si, altamente inteligente, extremamente determinado, com tendência (recordou um seu colega de escola) para querer provar que tinha razão e «um talento notável para submeter toda a gente à sua vontade». Aos quinze anos de idade entrou para o Komsomol (a organização soviética de juventude) e rapidamente se tornou o líder. Trabalhando ao lado do pai na exploração coletiva, ganhou conhecimentos de produção agrícola. Dois anos mais tarde, no verão de 1948, ajudando o pai a guiar uma ceifeira-debulhadora, ganhou um concurso de produção de cereais, que lhe valeu a Ordem da Bandeira Vermelha do Trabalho, assinada pelo próprio Estaline. Os seus pais eram quase iletrados. Mas ele era ambicioso e cedo se tornou consciente de que a educação lhe oferecia um caminho de vida para além da exploração coletiva de Privolnoe. A sua capacidade, juntamente com a sua energia e ambição, permitiu- -lhe romper horizontes. Em 1950 obteve a admissão à prestigiosa Universidade do Estado de Moscovo (onde estudou Direito e conheceu Raisa, mais tarde sua mulher, de quem foi inseparável até à morte dela em 1999). Nesse mesmo ano solicitou a inscrição no partido. Foi o primeiro passo no que seria a vertiginosa ascensão até ao topo — mas uma ascensão que seguiu uma senda ortodoxa de progressão na carreira na União Soviética. Depressa aprendeu como manobrar no interior dos escalões de poder do sistema. As suas capacidades táticas foram necessárias para subir os traiçoeiros degraus políticos. Nunca precisou de esconder as suas opiniões heterodoxas; Gorbatchov era um comunista impoluto. Era um crente em Estaline e tinha-se juntado aos milhares de pessoas que prestaram a sua última homenagem ao ditador no funeral de estado de 1953. Mais tarde, embora por essa altura já um ardente antiestalinista, continuou a manifestar a sua admiração por Lenine. (...)
Quando Gorbatchov se tornou o líder em março de 1985, a União Soviética tinha enfraquecido tanto económica como politicamente. Mas nem a economia nem a política determinavam que o sistema estava condenado ao colapso numa questão de apenas uns poucos anos. Praticamente ninguém previu que seria esse o caso. Mesmo os especialistas cientes das fraquezas estruturais fundamentais da União Soviética e que assumiam que o sistema acabaria por não ser capaz de sobreviver, não viam razão para que se mantivesse por um futuro indefinido. Não tinha um alto nível de endividamento externo, não enfrentava nenhuma desordem interna séria e podia contar com o apoio das Forças Armadas e dos serviços de segurança. Os sistemas de governo autoritários, especialmente se fossem tão fortes durante sete décadas como tinha sido o soviético, raramente implodem tão rápida e espetacularmente — e sem um enorme derramamento de sangue. A maior parte dos observadores do Kremlin em 1985 achava que a União Soviética, quaisquer que fossem as suas dificuldades internas, era estável e não estava em perigo iminente de derrocada, embora acabasse por vir a chegar a um ponto de insustentável crise sistémica. Tivesse qualquer outro político em vez de Gorbatchov sido eleito secretário-geral em 1985, um sistema não reformado, ou apenas superficialmente reformado, poderia ter continuado a subsistir por alguns anos. Como sublinhou Archie Brown, o mais destacado analista da governação de Gorbachev, “foi a reforma radical que produziu a crise, não a crise que ditou a reforma”. As reformas de fundo não e inevitáveis nem economicamente determinadas. Foram consequência da atuação de Gorbatchov.
O próprio expôs mais tarde vividamente o triste estado da economia soviética que ele herdou enquanto líder. O desequilíbrio que decorria do nível de despesas militares — não menos de 40 por cento do orçamento de estado — era enorme, distorcendo gigantescamente a gestão da economia, limitando grandemente o espaço de manobra para a satisfação das exigências civis e minando o potencial de crescimento económico. A despesa em investigação e desenvolvimento era dirigida esmagadoramente para os militares e negligenciava brutalmente a esfera civil. Havia poucos incentivos para aumentar a produtividade económica.(...) Os números da produção tinham pouca semelhança com a realidade. Uma centralização rígida e de mão pesada abafava toda a iniciativa. A corrupção, o suborno, o roubo e o desfalque eram endémicos. E a acrescentar a tudo isto, os inquestionáveis imperativos políticos e ideológicos impunham os seus extremos constrangimentos à originalidade de pensamento, em tudo o que pudesse pôr à prova a ortodoxia existente.
Gorbatchov tinha, naquele momento, cinquenta e quatro anos. Só Estaline (aos quarenta e três anos) ascendera a secretário-geral mais cedo na sua vida. Depois de três líderes velhos e enfermos em rápida sucessão, a sua energia e dinamismo destacavam-se. Mas embora Gorbatchov reconhecesse a necessidade de reformas, era evidente que seria uma luta difícil. A idade média dos dez membros do Politburo com direito de voto à data da eleição de Gorbatchov era de sessenta e sete anos, e cinco deles tinham mais de setenta. O sistema era governado por membros de uma elite idosa, conservadora, longe de estar ansiosa por introduzir uma alteração drástica num sistema que lhes tinha servido bem. Aceitavam a necessidade de algumas mudanças. Andropov já tinha, no fim de contas, introduzido algumas no seu curto período de governação. Mas não queriam, nem esperavam nada de fundamental.(...) Gorbatchov era o único no Politburo que procurava mudanças de fundo. Em qualquer caso, que implicava isto? O próprio Gorbatchov não sabia. Não havia uma estratégia geral. Não tinha em mente nenhum plano claro. Reformas, sim: estava seguro de que eram necessárias reformas. Mas tudo indica que visava uma reforma dentro do sistema. Partia da presunção de que o sistema soviético era capaz de ser reformado. A mudança política, do seu ponto de vista, era essencial para efetuar qualquer mudança económica significativa. Mas, na sua opinião, isto podia ser alcançado construtivamente, sem danificar a base da estrutura soviética de poder. Quaisquer que fossem as suas intenções, foi forçado a começar cautelosamente para evitar qualquer reação alienando o establishment conservador do partido e da burocracia estatal. Cedo, contudo, o ímpeto de mudança — que acabaria por destruir a União Soviética — ganhou velocidade. (...)
A luta pelas reformas
Tendo em conta a sua personalidade, Gorbatchov não só era completamente diferente dos velhos cinzentões que o rodeavam no Politburgo, como de tudo o que a União Soviética tinha conhecido antes. Era surpreendente, em retrospetiva, que o anquilosado e inflexível sistema soviético pudesse ter produzido um elemento que chegou ao topo possuído pelo desejo de mudar o próprio quadro de poder que, para começar, o tinha tornado possível. Mas a trajetória da sua carreira tinha sido ortodoxa e ele não dava sinais de que, fossem quais fossem as reformas que tinha em mente, se mostrariam tão completamente corrosivas — e não tinha, de facto, intenções de que fosse esse o caso. Um processo acelerado de aprendizagem da plena natureza dos problemas que encontrava e as dificuldades de tentar combatê-los por meio de reformas moderadas levá-lo-ia com a passagem do tempo a uma transformação mais radical. Também o seu estilo de liderança estava em nítido contraste com aquilo que se tinha tornado o autoritarismo monótono e imutável da elite política estabelecida. A sua energia, ímpeto e dinamismo impressionavam todos os que entravam em contacto com ele. Tinha o zelo de um missionário. Mas estava disposto a ouvir e aprender, não apenas a pregar e a instruir. Juntava exuberância e otimismo natural ao encanto pessoal, à eloquência e a uma inteligência evidente. Aceitava a argumentação de uma maneira que era alheia aos líderes soviéticos anteriores. Trabalhava pela persuasão, não por diktat. (...)
Em 1987, a política de reformas de Gorbatchov chegara a uma encruzilhada. Ficaria resumida a uma tentativa ousada que acabara por não conseguir causar qualquer mossa nas estruturas entrincheiradas da União Soviética? Ou avançaria para os domínios desconhecidos de uma transformação radical? O caminho em frente era imprevisível. Mais tarde, quando o sistema já estava a implodir, Gorbachev insinuou que o próprio processo de mudança que tinha iniciado não deixava qualquer escolha. Consta que terá dito: “Estou condenado a seguir em frente e só em frente. E se recuar, eu próprio perecerei e a minha causa perecerá também!”.
Era um exagero? As primeiras mudanças foram bem recebidas no país e apoiadas pelos reformadores nomeados por Gorbatchov para posições significativas no partido e no Estado. Ele próprio ainda usufruía do prestígio e do enorme poder inerente ao secretário-geral do Partido Comunista. Ainda havia, porém, um amplo resíduo de oposição conservadora às suas reformas, incluindo a maior parte dos chefes militares (grandes beneficiários do sistema existente). Depor Gorbatchov e substituí-lo na liderança soviética teria sido um passo difícil e arriscado de dar. Mas havia ainda a possibilidade de que o próprio Gorbatchov e os seus apoiantes mais importantes decidissem refrear as reformas, consolidar o seu poder, contentarem-se com mudanças relativamente menores e aceitarem que o sistema de governo não podia ser fundamentalmente alterado. Em vez disso, entre 1987 e 1989, acelerou e radicalizou a campanha de mudanças. Tinha o seu grupo de apoiantes, é claro. Mas não há dúvida de que foi ele mesmo quem tomou as decisões vitais. Foi o motor da mudança. E ele próprio estava a mudar. O desejo de reformas tornou-se a determinação de transformar o sistema soviético. Era de opinião de que a rigidez intrínseca tanto da economia como da subjacente estrutura de poder tinha de ser afrouxada e que isto só podia ser alcançado através de um certo grau de descentralização e liberalização. Uma vez solto o travão de mão, contudo, as iniciativas de liberalização transformaram-se quase inevitavelmente num impulso popular cada vez mais forte pela democratização. Gorbatchov recebeu bem este desenvolvimento – destinado, a princípio, a dar-se no interior do partido. Mas depressa veio a tomar consciência de que a democratização significava quebrar o monopólio do Partido Comunista de todas as posições de poder e abri-las ao pluralismo.(...)
Os primeiros anos de Gorbatchov no cargo começaram a minar o poder dos regimes dos países do bloco soviético. Mas esse poder ainda era forte. Só foi completamente minado quando Gorbatchov tornou claro que a União Soviética já nada faria para o sustentar. Essa rejeição crucial da ‘doutrina Brejnev’ de intervenção para manter o domínio comunista levou tempo a penetrar, tanto nos líderes (e cidadãos) do bloco soviético como nos observadores ocidentais. Os comentários inicialmente ambivalentes de Gorbatchov só gradualmente se tronaram claros para os líderes do bloco soviético. Os Estados do bloco soviético tinham “o direito de escolher” o seu próprio destino. Isto encorajou os povos dos estados-satélites e enfraqueceu as elites no poder.(...)
No fim de 1989, com a derrocada do poder comunista nos estados satélites, o império soviético na Europa Central tinha acabado. (...) O fim de quarenta e cinco anos de domínio soviético da Europa Central foi claramente resultado do ‘fator Gorbatchov’. (...)
Entre o outono de 1989 e o outono de 1991, o poder de Gorbatchov definhou e por fim ruiu completamente. Embora batalhasse até ao fim, nesses dois anos foi crescentemente açoitado pelos acontecimentos, não os comandou. A sua insaciável sede de reformas tinha desencadeado forças que não podiam ser controladas, nem detidas. A caixa de Pandora estava bem aberta. Economicamente, em 1991 a União Soviética estava de joelhos. A economia planificada encontrava-se gravemente debilitada, mas as iniciativas na direção de uma economia de mercado não tinham sido suficientemente penetrantes para miná-la completamente. As velhas verdades tinham sido muito criticadas. Mas as estruturas construídas na base dos seus preceitos permaneciam em grande medida inteiras. No processo de vários anos de tentativas de mudança, bloqueios às reformas e muita confusão e desincentivos, a economia tornara-se grandemente disfuncional. Isto tinha levado ao racionamento de alimentos e à desastrosa escassez de combustível, medicamentos e outros produtos necessários – alimentando compreensivelmente uma crescente fúria contra o Governo e, em parte, contra Gorbatchov pessoalmente. A sua popularidade, forte nos primeiros anos de reformas, caiu estrepitosamente durante 1990. (...)
Sem Gorbatchov, os cidadãos da União Soviética teriam permanecido privados de liberdades civis básicas. Sem Gorbatchov, é improvável que a liberdade dos Estados do antigo bloco soviético tivesse sido obtida através de revoluções (quase) incruentas. Sem Gorbatchov, uma aproximação aos EUA teria sido improvável e o perigo de conflito nuclear cresceria. As mudanças, dentro e fora da União Soviética, que o próprio Gorbatchov efetuou, ou que inspirou, foram monumentais. Mais do que qualquer outra personalidade, deixou até fins de 1991 um país e um continente transformados. Na sua alocução de despedida ao povo soviético ao abandonar o poder à beira da dissolução da União Soviética adotara uma atitude longe de ser defensiva. As suas reformas, declarou, tinham sido necessárias e justificadas. Tinha vencido o totalitarismo, produzido um pluralismo democrático, introduzido liberdades liberais e, não menos importante, removido a ameaça de guerra nuclear. No fim de 1991, os russos culparam-no pela sua desgraça económica, pela perda do império, por ter deitado fora tudo o que tinha sido conquistado (com um colossal sacrifício) pela gloriosa vitória de 1945 e por se ter ‘vendido’ ao ocidente. Tinha herdado uma superpotência. Pouco mais de seis anos depois, esta já não existia. Na verdade, foi Ieltsin, não Gorbatchov, quem ativamente destruiu a União Soviética. Gorbatchov tinha feito tudo para a salvar. Que Gorbachev tenha sido amplamente acusado pelos cidadãos soviéticos de causar a destruição da União Soviética é, contudo, compreensível. Em termos de uma analogia médica, as reformas de Gorbachev, acima de tudo a introdução de eleições em 1989, tinham deixado o paciente nos cuidados intensivos. Ieltsin desligou a máquina.
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