Internacional

Pelo menos 23 mortos e 380 feridos em confrontos em Bagdade (novo balanço)

Funeral de apoiantes de Moqtada al-Sadr mortos durante os confrontos na Zona Verde
Funeral de apoiantes de Moqtada al-Sadr mortos durante os confrontos na Zona Verde
QASSEM AL-KAABI/AFP/Getty Images

Crise política dura há dez meses. Apoiantes do clérigo Moqtada al-Sadr foram mortos depois de o seu líder ter apelado ao afastamento de todas as forças políticas ativas desde 2003, incluindo a sua

Pelo menos 23 apoiantes do líder xiita Moqtada al-Sadr morreram desde segunda-feira em Bagdade, em confrontos que recomeçaram hoje, segundo novo balanço de uma fonte médica. O anterior apontava para 15 mortos. Pelo menos 380 pessoas ficaram feridas na violência na denominada Zona Verde, um perímetro considerado ultrasseguro, informou a agência de notícias France-Presse (AFP).

Após uma noite calma, os combates entre os apoiantes de Al-Sadr e o exército e os homens de Hashd al-Shaabi, antigos paramilitares pró-iranianos integrados nas forças regulares, recomeçaram esta terça-feira de manhã. Disparos de armas automáticas e foguetes ressoaram em Bagdade a partir da Zona Verde, informou a AFP.

Segunda-feira, o secretário-geral da ONU pediu “contenção” no Iraque e apelou às partes envolvidas para que “tomem medidas imediatas para acalmar a situação”, segundo um comunicado do seu porta-voz. António Guterres “acompanha com preocupação as manifestações que acontecem no Iraque, durante as quais manifestantes invadiram edifícios do Governo”, afirmou Stéphane Dujarric. Guterres “pede a todas as partes e a todos os atores que superem as suas diferenças e realizem, sem demora, um diálogo pacífico e inclusivo”.

Al-Sadr exigiu a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro. Anunciou o seu próprio afastamento. O influente clérigo iniciou, segunda-feira, uma greve de fome “até que a violência termine” no Iraque, revelou um dos seus porta-vozes.

O primeiro-ministro interino do Iraque, Mustafa al Kadhimi, revelou que irá abrir uma investigação sobre os disparos, referindo que o uso de munição real contra manifestantes é proibido. A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir de segunda-feira.

Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem Governo e sem Presidente, depois de o partido de al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento. O clérigo tentou uma aliança com outras forças para eleger os chefes de Estado e de Governo, que ficariam encarregados de formar um Executivo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.

Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de al-Sadr ocuparam o Parlamento a 30 de julho. A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.

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