Os confrontos em Bagdade já provocaram dez mortos, segundo o mais recente balanço, enquanto fontes de segurança relataram que pelo menos sete morteiros foram disparados contra a Zona Verde desde a escalada de tensões com apoiantes de Moqtada al-Sadr.
Dezenas de apoiantes de al-Sadr invadiram esta segunda-feira o Palácio da República, em Bagdade, para expressar o seu descontentamento após o clérigo populista iraquiano ter anunciado a sua “retirada definitiva” da política, levando as forças de segurança a disparar.
O mais recente balanço divulgado pela agência Associated Press (AP) relatou a morte de pelo menos dez manifestantes. Este número também foi confirmado pelo gabinete de comunicação do movimento sadrista.
Fonte de segurança adiantou à agência France-Presse (AFP) que pelo menos sete morteiros caíram esta segunda-feira à noite na Zona Verde de Bagdade. No entanto, a mesma fonte não explicou qual grupo ou fação realizou os disparos.
O anúncio de Al-Sadr ocorreu apenas 48 horas depois de ter exigido a exclusão da cena política de todos os partidos que atuam no Iraque desde 2003, como condição para superar a crise que se vive desde as eleições de outubro.
O influente clérigo iniciou hoje uma greve de fome “até que a violência termine” no Iraque, revelou um dos seus porta-vozes. "Sua eminência anuncia greve de fome até que a violência e o uso de armas cessem. Porque expulsar os corruptos não dá a ninguém, quem quer que seja, uma justificação para o uso da violência", destacou Hasan al Azari, um dos líderes do movimento sadrista.
O primeiro-ministro interino do Iraque, Mustafa al Kadhimi, revelou hoje que irá determinar a abertura de uma investigação sobre os disparos, referindo que o uso de munição real contra manifestantes é proibido.
A situação na Zona Verde de Bagdade mantém-se caótica, apesar do decretar do recolher obrigatório, efetivo a partir de hoje.
Desde as eleições de outubro do ano passado que o Iraque está sem governo e sem um novo Presidente, depois de o partido de Al-Sadr ter vencido, mas com apenas 73 lugares dos 329 do Parlamento.
O partido de Al-Sadr tentou uma aliança com outras forças parlamentares para eleger o Presidente e o primeiro-ministro, que ficariam encarregados de formar um Governo, o que acabou por não ser possível, devido ao bloqueio dos opositores xiitas, próximos do regime iraniano.
Os deputados sadristas demitiram-se em bloco, em junho, mas, perante a eleição de um Presidente e de um primeiro-ministro propostos pelos opositores, os seguidores de Al-Sadr ocuparam o Parlamento, em 30 de julho.
A ocupação durou uma semana e, após um apelo do clérigo, os sadristas retiraram-se do Parlamento e têm estado acampados em frente ao edifício, para exigir a dissolução da Câmara e novas eleições.
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