Com uma "sobrerrepresentação" das mulheres nas escolas e faculdades da Hungria, estão em risco os casamentos e os nascimentos no país, refere um relatório divulgado recentemente por um organismo do Estado húngaro.
Segundo os autores do relatório, assiste-se no país a um fenómeno a que se referem como "educação cor de rosa" e que nasceu da valorização no meio educativo de "características femininas, como a maturidade emocional e social", em detrimento das "competências técnicas masculinas" e do "empreendedorismo dos homens e a sua capacidade para assumir riscos".
No documento, antecipa-se que isto terá impacto não só ao nível da taxa de natalidade, mas também na vida dos próprios jovens, "que podem não saber o que fazer com um computador bloqueado, uma torneira avariada e móveis por montar". Está também "em risco" a economia do país, refere o relatório elaborado pelo Állami Számvevőszék.
Relatório reflete visões do "século passado"
O relatório foi criticado por vários deputados húngaros e representantes de organizações de direitos humanos. "Trata-se de mais um golpe que é desferido contra a igualdade de género e os direitos das mulheres na Hungria", afirmou Lydia Gall, da Human Rights Watch, numa publicação no Twitter citada pela BBC.
Um deputado da oposição, Endre Toth, referiu, por sua vez, que o relatório reflete visões do "século passado" e que está "na hora" de ultrapassar isso. Também considerou que a diferenciação que é feita entre as características ditas femininas e masculinas são "absurdas" do ponto de vista científico.
Na última década, o número de mulheres que frequentam o ensino superior na Hungria tem sido superior ao dos homens. No passado ano letivo, 54,5% dos estudantes que ingressaram em cursos universitários eram mulheres, segundo dados adiantados pela estação pública britânica.
A desigualdade de género e a falta de respeito pelos direitos das mulheres são críticas frequentemente apontadas à Hungria. É, aliás, o país da União Europeia que tem menos mulheres dedicadas à vida política.
Nota: Artigo corrigido a 5 de setembro. O nome do organismo que elaborou o relatório - “Instituto Nacional de Estatística da Hungria”, na versão original deste texto - foi alterado.
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