Internacional

Grécia vai reforçar vedação na fronteira com a Turquia para impedir entrada de migrantes

Barcos com migrantes resgatados em águas gregas
Barcos com migrantes resgatados em águas gregas
REUTERS

Governo de Atenas acusa Ancara de "instrumentalizar de forma sistemática e metódica" as vidas de "pessoas infelizes" que saíram dos seus países à procura de uma vida digna. Decisão surge depois de 25 mil migrantes terem tentado entrar ilegalmente na Grécia vindos do país vizinho

O Governo grego disse hoje que vai alargar a vedação de separação ao longo da fronteira terrestre com a Turquia, depois de cerca de 25 mil migrantes terem tentado entrar ilegalmente na Grécia vindos do país vizinho.

“Todos os dias as forças de segurança gregas, principalmente a polícia e o exército grego, têm uma tarefa extremamente difícil, que é ainda mais complicada pelo facto de o lado turco estar a instrumentalizar de forma sistemática, metódica e complexa estas infelizes pessoas que deixaram os seus países”, afirmou o ministro grego da Proteção dos Cidadãos, Takis Theodorikakos, numa entrevista para a emissora privada ANT1.

Theodorikakos comentou que o Conselho de Segurança Nacional tomou a decisão na passada terça-feira de alargar gradualmente a vedação que separa a fronteira terrestre entre a Grécia e a Turquia em resposta ao que o Governo chama de uma “guerra híbrida” lançada pelos turcos.

Segundo o ministro, um grande número das pessoas que tentam atravessar a fronteira vêm da Síria e são obrigadas pelas autoridades turcas a escolher entre regressar ao seu país ou seguir para a Grécia.

Atualmente, o rio Evros ou Maritsa, a fronteira natural entre os dois países, é a travessia mais fácil para entrar ilegalmente na Grécia, dado o nível de água muito baixo – “nem sequer meio metro” ao longo de dezenas de quilómetros, explicou o ministro.

“Pode-se facilmente atravessar e chegar às ilhotas no meio do rio Evros. Eles vão para lá, declaram que estão em perigo e tentam levar as autoridades europeias, geralmente o Tribunal Europeu dos Direitos do Homem, a tomar medidas para os salvar. Estas pessoas não estão em perigo real, as suas vidas não estão em perigo”, afirmou Theodorikakos.

O ministro referia-se aos múltiplos casos de grupos de pessoas encalhadas em ilhotas, que se registaram nos últimos meses e obrigaram o tribunal europeu a exigir à Grécia que prestasse assistência aos migrantes.

O último caso, que envolveu quarenta pessoas numa luta entre a Grécia e a Turquia, aconteceu em meados de agosto, depois de o grupo ter ficado preso numa área que a Grécia afirma pertencer aos turcos.

Porém, os migrantes acabaram por ser resgatados pela polícia grega depois de vários protestos levados a cabo por organizações internacionais e partidos políticos.

De acordo com o ministro da Migração, Notis Mitarakis, os migrantes terão sido “empurrados” pelas autoridades turcas para atravessar para a Grécia.

Durante os dias seguintes ao acontecimento, uma menina de cinco anos morreu na mesma zona depois de ter sido picada por um escorpião.

Theodorikakos defendeu também existir “interesses organizados” para o abandono dos migrantes nestas zonas, para depois serem resgatados pela polícia grega.

“Por isso repito categoricamente: a polícia grega não será um traficante de falsas esperanças para migrantes ilegais”, disse o ministro.

Até à data, a vedação entre a Grécia e a Turquia tem 37,5 quilómetros de comprimento – 12 quilómetros na parte norte, onde a fronteira é apenas terrestre, e cerca de 25 quilómetros a sul.

Os procedimentos para o projeto de alargamento, que está a ser realizado pelo Ministério da Proteção Civil, “terão início nas próximas semanas, sem o menor atraso”, assegurou Theodorikakos.

Depois da reunião de terça-feira, o Governo grego não especificou, porém, a duração da construção.

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