Internacional

As malas de dinheiro do senhor Camará

19 agosto 2022 8:53

Micael Pereira

Micael Pereira

Grande repórter

Investigação. O líder do partido do Presidente da Guiné-Bissau fez depósitos de quase €2 milhões em Portugal. O Ministério Público arquivou, em 2021, um inquérito-crime por falta de resposta das autoridades guineenses. Camará já tinha sido investigado por tráfico de droga

19 agosto 2022 8:53

Micael Pereira

Micael Pereira

Grande repórter

Ninguém o conhece em Portugal, mas na Guiné-Bissau não há como contorná-lo. Braima Camará tem feito parte da vida política daquele pequeno país africano, tornando-se nos últimos anos uma das figuras mais relevantes da elite local. Foi conselheiro especial para “os assuntos económicos e investimento privado” dos ex-Presidentes Nino Vieira e José Mário Vaz e ministro conselheiro do ex-Presidente Malam Bacai Sanha. É agora deputado e líder do MADEM-G15, o partido do atual chefe de Estado, Umaro Sissoco Embaló.

De acordo com uma investigação do Expresso, Braima Camará fez quase €2 milhões de depósitos em dinheiro vivo entre 2014 e 2017 em dois bancos portugueses e comprou na última década quatro apartamentos em Portugal por €1.300.000 em nome próprio, de um filho e de uma companheira. Apesar destes indícios de lavagem de dinheiro, Camará não está a ser investigado neste momento pelo Ministério Público nem é arguido em Portugal.

Em 1994, o líder do MADEM-G15 chegou a ser julgado em Portugal num caso de tráfico de droga, tendo sido absolvido. Em 2012 voltou a ser suspeito num processo aberto sobre uma rede internacional de distribuição de heroína na Europa, que acabou arquivado. Já em 2017 o Departamento Central de Investigação e Ação Penal (DCIAP) abriu um inquérito-crime sobre branqueamento de capitais, com o apoio da Unidade Nacional de Combate à Corrupção (UNCC) da Polícia Judiciária, na sequência de um conjunto de depósitos em numerário, num total de €700 mil, feitos por Braima Camará no intervalo de apenas um mês, entre agosto e setembro desse ano, numa conta na Caixa Geral de Depósitos (CGD) titulada pelo filho, Yannick Carrington Camará, um estudante universitário sem nenhuma atividade profissional conhecida.

Este é um artigo do semanário Expresso. Clique AQUI para continuar a ler.