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Itália: ministro dos Negócios Estrangeiros critica “interferência russa" na campanha eleitoral

Luigi Di Maio
Luigi Di Maio
Future Publishing/Getty Images

"Que as forças políticas italianas se afastem de forma clara, sem qualquer timidez, da propaganda russa", pediu Di Maio, que deixou em junho o Movimento 5 Estrelas. As eleições italianas decorrem em 25 de setembro

O ministro dos Negócios Estrangeiros italiano, Luigi Di Maio, criticou hoje a suposta interferência na campanha eleitoral em Itália pelo ex-Presidente russo Dmitri Medvedev, que pediu aos europeus que punissem os seus governos pela sua "estupidez evidente".

Luigi Di Maio declarou hoje que "a interferência do Governo russo nas eleições italianas – que decorrem em 25 de setembro - é realmente preocupante”.

"Que as forças políticas italianas se afastem de forma clara, sem qualquer timidez, da propaganda russa", exortou Di Maio.

O ex-presidente russo, braço direito do atual, Vladimir Putin, afirmou na rede social Telegram que a Rússia gostaria de "ver cidadãos europeus não apenas expressar (nas urnas) o seu descontentamento pelas ações dos seus governos (…), mas também pela sua estupidez evidente".

Medvedev - atual vice-presidente do conselho de segurança nacional russo - acrescentou que "os votos dos eleitores são uma poderosa alavanca de influência".

O Governo italiano de unidade nacional cessante, liderado pelo primeiro-ministro Mario Draghi, apoiou totalmente as sanções ocidentais contra a Rússia pela sua invasão da Ucrânia, bem como o envio de armas para Kiev.

O ministro italiano disse que Medvedev deu uma "indicação clara sobre como votar" nas eleições gerais em Itália, referindo-se ao facto de o partido Irmãos de Itália (FdI/extrema-direita) não ter participado no Governo de Mario Draghi.

Mesmo sendo o único grande partido da oposição, o FdI assumiu uma postura fortemente pró-NATO e pró-UE sobre a guerra na Ucrânia.

Dois partidos do governo Draghi que haviam elogiado anteriormente Putin, a Liga, de Matteo Salvini, e a Forza Itália (FI), de Silvio Berlusconi, também condenaram inequivocamente a agressão russa.

"Estamos a trabalhar para diversificar as fontes do nosso suprimento de gás, porque não podemos depender daqueles que, com o dinheiro dos italianos, estão a financiar a sangrenta guerra na Ucrânia", sublinhou ainda Di Maio.

O ministro italiano repetiu o apelo para que a União Europeia (UE) estabeleça um teto para o preço do gás.

O Governo italiano tem trabalhado para acabar com a dependência do país do gás russo desde a invasão da Ucrânia por Moscovo em 24 de fevereiro, preparando uma série de acordos para aumentar o fornecimento de outros lugares.

A proporção do gás italiano fornecido por Moscovo já caiu de 40 por cento no início do conflito para cerca de 25% neste momento, disseram fontes recentemente à agência de notícias ANSA. A participação da Argélia subiu para mais de 30%.

O Governo italiano "agiu rapidamente" para diversificar os fornecedores, esforçando-se para estabelecer alternativas com países como Argélia, Angola, Congo, Líbia, Egito, Israel e Moçambique, disse recentemente Mario Draghi.

A companhia petrolífera italiana Eni juntou-se recentemente ao maior projeto mundial de gás natural liquefeito (GNL) no Qatar.

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