Milhares de bombeiros combatem incêndios no Sul da Europa. França já pediu ajuda externa
Añon de Moncayo, Zaragoza, Espanha
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O calor e a seca estão a provocar incêndios sem precedentes por toda a Europa, com Espanha e França a enfrentar novos incêndios e a ter de retirar milhares de pessoas. O cientistas explicam que o aumento dos fenómenos climáticos extremos (ondas de calor, secas, incêndios, etc.) é uma consequência direta do aquecimento global
A seca e a onda de calor que se abateu sobre muitos países europeus este verão está a provocar incêndios sem precedentes. Além de Espanha e França, onde milhares de bombeiros combatem as chamas, também na República Checa, os bombeiros checos conseguiram extinguir um grande incêndio florestal num parque nacional na fronteira com a Alemanha, após 20 dias de combate. Afetou uma área de cerca de 1.060 hectares, cerca de 90 quilómetros a norte de Praga. Participaram na operação aeronaves especiais da Itália e Suécia, bem como helicópteros da Polónia e Eslováquia.
Segundo os cientistas, o aumento dos fenómenos climáticos extremos (ondas de calor, secas, incêndios, etc.) é uma consequência direta do aquecimento global, uma vez que as emissões de gases com efeito de estufa estão a aumentar tanto a sua intensidade como a sua duração e frequência.
Espanha: mil pessoas retiradas de casa e apoio militar
Añon de Moncayo, Zaragoza, Espanha
Europa Press News/ Getty Images
Cerca de mil pessoas tiveram de ser retiradas de quatro localidades devido a um incêndio que deflagrou ao começo da tarde deste sábado em Añón de Moncayo, em Saragoça, nordeste espanhol. Todas pessoas foram realojadas num pavilhão polidesportivo. O presidente da região de Aragão, à qual pertencem as zonas afetadas pelas chamas, já disse estar a acompanhar a situação com “preocupação”.
“Quando o 112 deu a ordem de retirada da população, cerca de 80% das pessoas já tinham saído do local”, disse à RTVE o autarca Alcalá de Moncayo, Luis Ángel Torrellas, que relatou ainda que, quando as chamas começaram, foram os populares que as tentaram apagar com mangueiras e baldes de água.
Neste momento, o incêndio encontra-se no nível dois, o que significa que a intervenção militar já pode ser requisitada, como aliás se veio a verificar ao longo da tarde, tendo sido solicitado apoio da Unidade Militar de Ermgências , assim como as Brigadas de Reforço de Incêndios Florestais do Ministério para a Transição Ecológica.
Tal como o resto da Europa, Espanha está com os reservatórios de água secos e a terra gretada. Embora, tal como Portugal, seja um país mais habituado a longos períodos sem chuva, regista consequências ímpares da falta de água. Na região espanhola da Andaluzia, por exemplo, alguns agricultores de abacate tiveram de sacrificar centenas de árvores.
França sem chuva até domingo
Esta sábado bombeiros de vários países europeus foram destacados para ajudar as autoridades francesas a combater os incêndios que assolam as florestas na sequência de uma nova onda de calor e de uma seca histórica. No pior incêndio em território francês, no sudoeste, 1.100 bombeiros combatem as chamas dia e noite, apoiados "desde o amanhecer", segundo as autoridades, por bombeiros alemães e depois romenos. Estes últimos fazem parte do forte contingente de 361 bombeiros, entre os quais se encontram também polacos e austríacos.
Thierville, na Normândia, no norte de França
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"Somos todos bombeiros e compreendemos a situação. Deve ser realmente difícil combater incêndios desta duração e magnitude", disse Simon Fritz, um bombeiro profissional de Bona, no sudoeste do país.
Dois Canadairs italianos e dois gregos aterraram de manhã numa base aérea perto de Bordéus e alguns começaram imediatamente a sua missão nas florestas da região. "A união de forças é uma vantagem. Vemo-lo todos os anos na Grécia, vemo-lo agora em França. Estamos felizes porque sabemos que vos estamos a ajudar, meus amigos", afirmou o comandante Anastasis Sariouglou, 36 anos, que está na sua primeira missão em França.
O incêndio devastou 7.400 hectares de floresta desde terça-feira e obrigou 10 mil pessoas a abandonar as suas casas, algumas pela segunda vez num mês. Em julho, 14 mil hectares já tinham ardido nesta área.
O Jura (leste), que normalmente tem um clima mais moderado, também foi atingido por dois incêndios desde terça-feira, que devoraram cerca de 660 hectares de floresta. Os fogos também têm sido violentos em Isère (centro-este), Ardèche (centro-este) e Drôme (sudeste), além de todos os dias, de norte a sul do país, deflagrarem inúmeros incêndios de menor dimensão.
Belin-Beliet, no sul de França
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No oeste de França, um incêndio começou mesmo durante a noite na floresta de Broceliande, uma Meca da lenda arturiana, destruindo quase 300 hectares de vegetação. Dois bombardeiros de água suecos combateram o fogo a partir do ar, segundo as autoridades locais. Ao início da noite, o fogo estava "dois terços contido".
Face a esta situação "excecional", várias grandes empresas francesas tomaram medidas para facilitar a libertação dos seus bombeiros voluntários, respondendo ao apelo do governo.
No total, mais de 40 mil hectares arderam este ano em França, segundo o governo, ou 50 mil hectares segundo dados de satélite europeus: isto é, em todos os casos, várias vezes a média anual dos 15 anos anteriores, como em Espanha, enquanto o verão ainda não acabou.
O país está a sofrer uma terceira vaga de calor e a chuva não é esperada pelo menos até domingo.
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