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Lágrimas de tristeza e alegria: como milhares de manifestantes receberam a notícia do fim do direito ao aborto nos EUA

Lágrimas de tristeza e alegria: como milhares de manifestantes receberam a notícia do fim do direito ao aborto nos EUA
Anadolu Agency

Manifestantes pró-escolha e pró-vida estiveram esta sexta-feira concentrados junto ao edifício do Supremo Tribunal dos EUA, em Washington, quando foi anunciada reversão da decisão que protegia direitos reprodutivos das mulheres há quase 50 anos

Lágrimas, bolas de sabão, cartazes e megafones. Olhares de tristeza, de condenação, de desafio, mas também de celebração. Assim foi recebida a decisão do Supremo Tribunal de Justiça norte-americano, que esta sexta-feira anunciou a reversão da decisão judicial Roe v. Wade.

Apesar do medo de que o anúncio pudesse gerar tensões e violência entre manifestantes, centenas de pessoas reuniram-se esta sexta-feira na Colina do Capitólio em Washington, junto ao edifício branco onde se localiza a última instancia do sistema judicial dos EUA.

Em antecipação das demonstrações, a polícia do Capitólio mobilizou agentes e recursos adicionais e afirmou estar a cooperar com outras agências. Até ao momento, contudo, as manifestações permaneceram pacíficas.

Lado a lado, os dois grupos com visões diametralmente opostas sobre o tema esperaram para ouvir a decisão final, que tornou um dos ajuntamentos numa celebração e o outro num protesto.

“Estou inundada com gratidão de que o Supremo Tribunal tenha assumido a ação corajosa de salvar estes bebés”, disse à Reuters Macy Petty, uma das jovens no local. A jovem de 22 anos da Carolina do Sul ajoelhou-se com emoção enquanto à sua volta outros manifestantes celebraram a decisão.

Contudo, as sondagens indicam que Macy faz parte da minoria. Os estudos de opinião indicam que a maioria dos norte-americanos é a favor do direito ao aborto.

No grupo oposto esteve Serena Steiner. A assistente jurídica, de 35 anos, original da Virginia realizou uma interrupção voluntária da gravidez (IVG) quando era adolescente e é atualmente ativista a favor da IVG acessível a todos os que necessitem. Esta sexta-feira, apesar de dizer não estar surpreendida com a decisão, enviou mensagens de texto às irmãs com lágrimas nos olhos. "Não quero que elas sejam forçadas a ter crianças que não queiram ter", lamentou em declarações ao USA Today.

"É o meu corpo, a minha escolha. Ponto final. Devíamos ser capazes de fazer as escolhas que são melhores para nós e para as nossas famílias", disse à mesma publicação outra ativista. Robin Sabbath, de 59 anos, nascida no Michigan, fez questão de estar no ter protesto apesar de já não estar nos seus "anos de procriação". "O governo não devia ter o direito de dizer-me o que fazer quanto à minha saúde reprodutiva."

Washington não será contudo o único palco de protestos. Há manifestações previstas para noite desta sexta-feira em Chicago, Denver, San Francisco, Portland, Seattle e New York. Existem igualmente manifestações agendadas nos estados da Florida, Missouri, Georgia e Texas.

À entrada para Washington D.C., as autoridades fecharam a Frederick Douglas Memorial Bridge, uma das principais pontes que liga o distrito ao estado de Maryland. Um manifestante a favor do aborto subiu o arco da ponte, com tochas e bandeiras.

"Se eu consigo chegar ao topo desta adorada ponte, sei que você conseguirá chegar à rua! Vamos encerrar [o funcionamento do governo] sem violência dia após dia após dia até que os nossos direitos sejam protegidos", escreveu Guido Reichstadter numa das várias atualizações que foi fazendo nas redes sociais durante o seu protesto.

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