Internacional

Coreia do Norte dispara o seu míssil de maior alcance desde 2017

30 janeiro 2022 15:25

Teste míssina na Coreia do Norte Foto: Reuters

Só este mês Pyongyang já testou mais mísseis do que em todo o ano passado. País reforça os testes num contexto de crise económica e de negociações estagnadas com os Estados Unidos para a desnuclearização da região

30 janeiro 2022 15:25

A Coreia do Norte disparou este domingo aquele que parece ser o seu míssil de maior alcance nos últimos cinco anos, de acordo com várias notícias na imprensa internacional. Este é o sétimo teste realizado por Pyongyang num só mês – e um número de testes superior a todos os realizados durante 2021 –, num contexto de crise económica e de negociações estagnadas com os Estados Unidos (EUA) para a desnuclearização da região.

O exército sul-coreano e o Ministério da Defesa japonês revelaram que o projétil lançado no mar pelos norte-coreanos, pelas 7h52 deste domingo (22h52 de sábado em Lisboa), é um míssil balístico de médio alcance, que percorreu 800 quilómetros a leste em direção ao mar do Japão e terá atingido uma altitude máxima de 2000 quilómetros, sem entrar nas águas da zona económica exclusiva do Japão. O míssil foi lançado a partir da província de Jagang.

O lançamento foi realizado após o líder norte-coreano, Kim Jong-un, ter presidido a uma reunião do mais alto órgão de Governo do país, a 20 de janeiro, que contemplou o regresso a estes testes como resposta àquilo que considera serem “ações hostis cada vez mais agravadas” dos Estados Unidos (que se mostraram disponíveis para endurecer as sanções contra a Coreia do Norte).

Desde 2017 que a Coreia do Norte não testava armas nucleares ou os seus mísseis de maior alcance, altura em que realizou um teste nuclear, dois testes de mísseis balísticos de médio alcance em direção ao Japão e três testes de mísseis balísticos intercontinentais, com capacidade para atingir qualquer parte dos EUA. Estes originaram sanções económicas por parte do Conselho de Segurança das Nações Unidas e, um ano depois, o Presidente norte-coreano, Kim Jong-un, anunciava uma moratória nos testes nucleares e de mísseis balísticos intercontinentais.

Japão e Coreia do Sul convocam reunião dos Conselhos de Segurança

Tanto o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, como o Presidente sul-coreano, Moon Jae-in, decidiram convocar uma reunião dos Conselhos de Segurança dos países. Kishida declarou à imprensa condenar “veementemente” este novo teste que “viola as resoluções das Nações Unidas”. Moon Jae-in pede que a Coreia do Norte responda aos pedidos internacionais e retome o diálogo, sublinhando que este lançamento é um “desafio à desnuclearização da península coreana, à paz e à estabilidade, e aos esforços diplomáticos da comunidade internacional, bem como um ato que viola a resolução do Conselho de Segurança das Nações Unidas”.

Os Estados Unidos também reagiram, pedindo a Pyongyang que se abstenha de atos “desestabilizadores”, segundo escreveu o exército norte-americano num comunicado emitido pelo Comando do Indo-Pacífico, citado pela agência de notícias japonesa Kyodo.

Os testes parecem querer dar uma imagem de modernização da força militar da Coreia do Norte, reforçar o orgulho nacional em antecipação de vários feriados do país e enviar uma mensagem de força num contexto em que o país enfrenta uma crise económica provocada por sanções e confinamentos em tempo de pandemia, explica ao jornal britânico “The Guardian” Leif-Eric Easley, professor de estudos internacionais na Universidade Ewha de Seul, capital da Coreia do Sul.