10 maio 2020 19:41
Na semana em que o porta-voz do Presidente Jair Bolsonaro, Otávio Santana do Rêgo Barros, anunciou que o seu teste de coronavírus era positivo, o Brasil — maior país da América Latina, com 210 milhões de habitantes — tornou-se a terceira nação no mundo a registar maior crescimento das infeções. Os 135.106 casos confirmados quinta-feira não retratam, contudo, a degradação dos corpos sepultados em valas comuns, mesmo que os números oficiais estejam longe dos dos Estados Unidos e da Rússia, líderes desta classificação. No mesmo dia, o Brasil ultrapassou a barreira dos nove mil mortos, com mais 610 vítimas do coronavírus no dia anterior, e uma letalidade de 6,7%.
O porta-voz presidencial, general de 59 anos, é símbolo dos dois maiores riscos que o Brasil enfrenta: rápida progressão da pandemia e a imensa incógnita sobre a atitude dos militares em relação ao chefe de Estado. “O Brasil de Bolsonaro já tem, proporcionalmente, mais militares como ministros do que a vizinha Venezuela, onde há muito tempo as Forças Armadas abdicaram da neutralidade e se tornaram fiadoras da permanência de Nicolás Maduro no poder”, escrevia a BBC Brasil a 26 de fevereiro, quando Bolsonaro pregava ao mundo que o coronavírus era uma “gripezinha”, sugerindo que a então epidemia ficaria apenas na Europa. “Os militares controlam oito dos 22 Ministérios do Governo (36,36%). Na Venezuela comandam dez dos 34 Ministérios (29,4%)”, explicava a emissora britânica.
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