1 abril 2020 22:06

RCGS Resolute é operado pela empresa One Ocean Expeditions
d.r.
O RCGS Resolute, que segunda-feira colidiu com um barco da Marinha da Venezuela, está registado na Madeira mas não tem tripulantes portugueses, apurou o Expresso. Relatório do incidente indica que foi o navio venezuelano que provocou a colisão
1 abril 2020 22:06
A tripulação do navio RCGS Resolute, que esta semana colidiu com um navio da Marinha da Venezuela, é totalmente ucraniana, não havendo qualquer português a bordo, apurou o Expresso.
O Resolute tem bandeira portuguesa e foi registado em 2018 na Madeira (faz parte de uma dezena de navios de cruzeiro registados naquela jurisdição), depois de ter sido originalmente registado em 1993 em Nassau, nas Bahamas. O navio tem proprietários alemães, de Hamburgo, donos da empresa Bunnys Adventure and Cruise.
Recorde-se que o presidente da Venezuela, Nicolas Maduro, chegou a acusar o Resolute de um ato de pirataria, depois de um navio da Marinha se ter afundado após uma colisão com o Resolute, que era operado pela empresa canadiana One Ocean Expeditions, que o usava para fazer expedições à Antártida. Nos últimos meses o navio esteve parado em Buenos Aires, devido a problemas financeiros da One Ocean Expeditions.
Esta quarta-feira, o ministro dos Negócios Estrangeiros, Augusto Santos Silva, veio afirmar à Rádio Observador que são "contraditórias" as versões apresentadas sobre o incidente que envolveu um navio português na Venezuela, mas admite que é preciso apurar responsabilidades.
"Este não é um incidente entre o Estado venezuelano e o Estado português, o navio não era da República portuguesa, não era um recurso público português, era um navio privado. Todos os navios que circulam internacionalmente estão registados em algum sítio, este estava registado em Portugal e portanto tinha pavilhão português, logo Portugal é a parte interessada", afirmou Augusto Santos Silva.
Ao que o Expresso apurou junto de fonte conhecedora do sucedido, no relatório do incidente está descrito, ao contrário do que alega Maduro, que foi o navio venezuelano que se aproximou do Resolute, disparando tiros para o ar e tentando empurrar o navio de bandeira portuguesa para águas venezuelas na madrugada de segunda-feira.
Antes da aproximação, as autoridades venezuelanas questionaram a tripulação do Resolute sobre o que estava o navio a fazer naquela localização, em águas internacionais mas muito próximo de águas territoriais venezuelanas. O Resolute respondeu que estava a fazer uma operação de manutenção nos motores, prevendo retomar a navegação, rumo a Curaçao, num prazo de seis horas.
O incidente, a 13 milhas náuticas da Ilha de La Tortuga, virou o barco da Marinha da Venezuela, mas acabou também por provocar danos na proa do Resolute.