Internacional

“Servente do povo e enamorado pela Venezuela”. Quem é Juan Guaidó?

23 janeiro 2019 20:54

Ana França

Ana França

Jornalista da secção Internacional

Juan Guaidó

federico parra/getty

Esta quarta-feira autoproclamou-se Presidente da Venezuela, no meio de um caos de manifestações, umas por ele, outras contra ele. Juan Guaidó tem apenas 35 anos e enfrenta um gigante da política. Quem é e que trunfos tem o jovem engenheiro que quer destronar Maduro?

23 janeiro 2019 20:54

Ana França

Ana França

Jornalista da secção Internacional

No domingo foi detido, esta quarta declarou-se Presidente interino quase por exclusão de partes. Por exclusão das muitas partes da oposição que Nicólas Maduro, presidente da Venezuela foi apagando ao longo dos tempos: ora com exílios forçados e penas de prisão, ora com a suspensão do mandato do Parlamento onde os deputados da oposição estão em maioria.

Até há um mês, Juan Guaidó – o homem que apesar de ter sido autoproclamado chefe de Estado já é assim visto não só pelos seus apoiantes internos como por várias nações vizinhas como o Brasil e os Estados Unidos – era um deputado quase anónimo. Mas usou já a sua recém-adquirida fama para pedir à comunidade internacional que o ajude a tomar o poder. Nas ruas de Caracas, mas também naquelas fora da capital, vários milhares de pessoas se manifestaram esta quarta-feira a seu favor; outras em apoio a Maduro.

Foi o progressivo desaparecimento de nomes mais fortes entre as fileiras da oposição que, de repente, lançou este engenheiro de 35 anos para um pódio que é muito grande, muito abrangente e muito perigoso para alguém quase sem experiência política. Haveria outros homens do seu partido, a Vontade Nacional, mais preparados, mas nenhum deles pode assumir a liderança da Assembleia, que, por lei, é rotativa.

Leopoldo López é o primeiro nome que salta nos lábios de todos os que se opõem a Maduro mas está em prisão domiciliária desde Agosto de 2017. Também Freddy Guevara e Carlos Vecchio são homens reconhecidos pelos eleitores, mas o primeiro está refugiado na embaixada chilena em Caracas e o segundo exilado nos EUA.

Mas medo não parece ter. No Twitter declara-se um “servente do povo, apaixonado pela Venezuela” e a Maduro já apelidou de "usurpador". Não se cansa de falar de “deterioração dos direitos civis”, de “miséria provocada pelo governo” e de “eleições fraudulentas”. Ex-dirigente estudantil, lutou contra a não renovação da licença de televisões privadas e contra a reforma constitucional que Hugo Chávez pretendia.

Foi eleito pela primeira vez como deputado em 2015, mas o seu percurso como político começou na Universidade Católica Andrés Bello, onde se formou em engenharia industrial. Em 2009 conhece Lopéz e do sonho de ambos nasceu o Vontade Popular. Nas eleições de 2010 foi eleito deputado suplente nas listas do partido e, em 2015, chega a fazer notícia por participar numa greve de fome para pressionar Maduro a marcar uma data para eleições gerais. Marcaram-se, votou-se e Juan Guaidó conseguiu cem mil votos.