Internacional

Bolsonaro recebe faixa presidencial. “Este é o dia em que o povo começou a libertar-se do socialismo”

1 janeiro 2019 19:34

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Bolsonaro recebeu a faixa presidencial e voltou a defender a legítima defesa e o direito de propriedade. Também voltou a dizer que é preciso acabar com as "ideologias nefastas", a corrupção, "os privilégios e as vantagens", e restabelecer "padrões éticos e morais que transformarão o Brasil"

1 janeiro 2019 19:34

O novo Presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, recebeu esta terça-feira a faixa presidencial de Michel Temer, chefe de Estado cessante, que sucedeu a Dilma Rousseff há dois anos.

Milhares de brasileiros enchem o espaço defronte do Palácio do Planalto, em Brasília, para assistir ao fim das cerimónias de tomada de posse do novo Presidente, que terminam com a passagem da faixa presidencial entre os dois políticos.

"A nossa bandeira jamais será vermelha", diz Bolsonaro

Depois de receber a faixa presidencial, Bolsonaro leu um discurso já escrito. "Este é o dia em que o povo começou a libertar-se do socialismo, a libertar-se da inversão de valores, do gigantismo estatal e do politicamente correto", começou desde logo por referir o Presidente brasileiro, perante milhares de apoiantes e ladeado pela sua mulher e por uma intérprete de linguagem gestual.

Depois, sublinhou que é preciso tirar "o peso do governo de quem trabalha", "acabar com a ideologia que defende bandidos e criminaliza polícias" e defendeu ainda o direito de propriedade e a legítima defesa, conforme tinha já feito no Congresso no momento da tomada de posse, momentos antes.

Jair Bolsonaro afirmou que é preciso "fazer com que o Brasil ocupe o lugar de destaque que merece no mundo" e chamou a atenção para a necessidade de "tirar o viés ideológico das relações internacionais. "Vamos restabelecer a ordem nesse país. Sabemos do tamanho da responsabilidade e dos desafios que vamos enfrentar". Mas também sabemos, continuou Bolsonaro, "onde queremos chegar e do potencial que nosso Brasil tem" - "por isso, vamos dia e noite perseguir o objetivo de tornar o nosso país um lugar próspero".

O recém-empossado Presidente brasileiro voltou a falar em acabar com as "ideologias nefastas" que, a seu ver, destroem os valores e as tradições do país e apelou ao restabelecimento de "padrões éticos e morais que transformarão o Brasil". "A corrupção, os privilégios e as vantagens precisam acabar. Os favores partidarizados devem ficar no passado para que o governo e a economia sirvam de verdade à nação".

Voltou também a agradecer ao povo brasileiro - que ajudou a "montar um governo sem conchavos ou acertos políticos" e permitiu que Bolsonaro fosse eleito "com a campanha mais barata da história", e referiu-se várias vezes a Deus - Deus que "preservou" a sua vida e Deus que lhe está no "coração" e ao qual pediu "sabedoria" para conduzir os destinos da nação. "Brasil acima de tudo, Deus acima de todos".

O Presidente brasileiro encerrou o seu discurso exibindo uma bandeira do Brasil e afirmou: "A nossa bandeira jamais será vermelha". E se for necessário "derramar sangue" para que ela "continue verde e amarela", então que assim seja.

"Oh Capitão chegou"


Temer era vice-presidente de Dilma Rousseff, que foi sujeita a um processo de afastamento judicial a 31 de agosto de 2016. Esta terça-feira, num cortejo presidencial, Bolsonaro foi saudado pelos apoiantes, que vaiaram Michel Temer, que hoje termina funções de chefe de Estado do Brasil.

Quando Jair Messias Bolsonaro chegou ao palácio, os apoiantes gritaram "oh Capitão chegou" em referência à Jair Bolsonaro, um refrão típico dos estádios de futebol.

Muitos apoiantes aguardavam horas envoltos em bandeiras do Brasil e na crença de que aquele a quem chamam de “mito” terá no momento da passagem da faixa presidencial. Essa passagem foi saudada com um forte aplauso dos milhares de apoiantes, o único ato de Temer que não foi vaiado pelo público.