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Sem vontade de atuar não há proteção legal que aguente

Naquela que foi a quinta reunião do Conselho de Segurança, a conversa centrou-se nas novas ameaças tecnológicas e nos métodos que estão a ser adotados pelas diferentes entidades para os enfrentar. Entre crimes mais sofisticados e falta de atenção, os perigos são grandes

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Fraudes digitais, não cumprimento de normas, dados expostos, ou ferramentas mais sofisticadas. São apenas alguns exemplos dos problemas (e causas) que estão na origem de várias das ameaças que colocam o mundo atual em alerta e os cidadãos e empresas mais expostos aos perigos tecnológicos.

O ascendente da tecnologia na sociedade faz com que cada vez mais operações sejam conduzidas na esfera digital, seja a partir dos nossos telemóveis ou de computadores de trabalho ligados em rede entre si, o que multiplica as oportunidades de cibercrime e estimula a criatividade dos novos burlões da era tecnológica.

A ameaça é real e exige cuidado, que passa por uma maior atenção das empresa e instrumentos legais mais robustos que permitam melhorar as ferramentas de proteção, encarar os desafios legais, e perseguir de forma eficaz os responsáveis por perpetuar estes comportamentos. Dimensão que perante os cuidados com a privacidade exige um equilíbrio que nem sempre é difícil de manter.

Foram os temas principais que estiveram em discussão na reunião do Conselho de Segurança dedicada à vertente jurídica e que juntou o Expresso à Morais Leitão. Numa conversa moderada pela jornalista Marta Atalaya, estiveram presentes Rui Patrício, sócio da Morais Leitão; David Silva Ramalho, associado coordenador da Morais Leitão; Nuno Serdoura dos Santos, procurador na Procuradoria-Geral da República - DIAP Regional do Porto; Magda Viçoso, sócia da Morais Leitão; Duarte Santana Lopes, sócio da Morais Leitão; e Ana Ribeiro Marques, responsável pela área de Compliance na The Navigator Company.

Conheça as principais conclusões.

Proatividade

  • Estamos perante “uma das principais áreas onde os riscos e as oportunidades se juntam”, resume Rui Patrício.
  • Perante esta junção, é essencial que as organizações e as pessoas sejam mais proativas e menos reativas na lógica de diminuir a exposição ao risco e evitar males maiores.
  • A preocupação nunca pode ser resumida pela questão hipotética “quem tem interesse em ver o que tenho em minha casa, no meu computador?”. Porque há sempre quem tenha, explica David Silva Ramalho.

Metadados

  • Os metadados (dados de tráfego e localização nas comunicações) estão no centro de uma batalha jurídica e legislativa, e o seu uso para investigações criminais foi impedido pelo Tribunal Constitucional, no que os intervenientes consideram um rude golpe na batalha contra as ameaças criminais.
  • “O impacto que este entrave tem é massivo”, resume David Silva Ramalho.
  • “Ficamos pasmados com a decisão”, admite Nuno Serdoura dos Santos.

Compliance

  • Por compliance entende-se o cumprimento de normas por parte das empresas e o estabelecimento de mecanismos legais sólidos para que a empresa não esteja sujeita a incorrer em práticas ilegais.
  • No fundo trata-se da “minimização de todo o risco associado à atividade da empresa”, assegura Magda Viçoso.
  • Perante o apertar das normas europeias, cada vez mais as empresas portuguesas das mais variadas dimensão têm que implementar programas compreensivos de compliance.

Riscos reputacionais

  • O cumprimento das normas coloca a organização a salvo de qualquer ameaça jurídica e aumenta a rede de segurança em caso de ataques digitais. “As empresas têm que estar dotadas de programas de cumprimento normativo”, garante Duarte Santana Lopes.
  • Caso se verifique que os parâmetros não estão a ser cumpridos, os riscos e gastos financeiros podem ir muito além do investimento num programa de compliance.
  • “O preconceito existe”, admite Ana Ribeiro Marques, mas o reverso da medalha são riscos reputacionais, entre outros, que podem ser irrecuperáveis.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

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