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“Não podemos ficar com o sucesso que tivemos até agora, queremos crescer”

A conferência Crescer organizada pela AIMMAP em parceria com o Expresso decorreu na Faculdade de Engenharia do Porto
A conferência Crescer organizada pela AIMMAP em parceria com o Expresso decorreu na Faculdade de Engenharia do Porto
Rui Oliveira

O Expresso associou-se à AIMMAP na organização da conferência Crescer, onde foi ainda apresentada a estratégia do sector até 2030

Ana Baptista

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A Associação dos Industriais Metalúrgicos, Metalomecânicos e Afins de Portugal (AIMMAP) apresentou esta quarta-feira a estratégia para o sector até 2030, uma visão que está plasmada num estudo conduzido pela consultora EY e que, além dos objetivos, faz um diagnóstico do sector e ainda uma análise das maiores oportunidades e fraquezas. O encontro decorreu na Faculdade de Engenharia do Porto e foi seguido de um debate com quatro empresas consideradas um exemplo de crescimento e ainda de uma conversa com António Saraiva. Além do ex-presidente da Confederação Empresarial de Portugal (CIP), estiveram presentes Vítor Neves e Rafael Campos Pereira, respectivamente, presidente e vice-presidente executivo da AIMMAP; Nuno Matos Sequeira, CEO da Solzaima; Paulo Sousa, CEO da COLEP; Cristina Bóia, CEO da Extrusal; Jorge Ferreira, CEO da Palbit; Mafalda Gramaxo, diretora-geral da AIMMAP e ainda Hermano Rodrigues, da EY Parthenon.

Estas são as principais conclusões.

1. Crescer mais

  • Vitor Neves e António Saraiva, que também foi membro da direcção da AIMMAP durante 13 anos e presidente de 2007 a 2009, não escondem a admiração que têm pelas empresas do sector do metal, até porque nos últimos dois anos foram campeãs nas exportações e este ano já estão a crescer 15% nas vendas para exterior e ainda só estamos em maio. “Não sei como não se constata o talento deste sector”, diz António Saraiva.
  • Mas também sabem que as previsões de crescimento do país são fracas e que é preciso “ser mais ambicioso e pôr o país a crescer mais do que 1% ou 2%”. Não só o sector do metal, mas todos. De facto, como diz Paulo Sousa, “não podemos ficar com o sucesso que tivemos até agora, queremos crescer”.

Paulo Sousa, CEO da Colep, uma empresa que fabrica embalagens de metal, como caixas de bolachas ou latas de tinta
Rui Oliveira

2. A estratégia até 2030

  • Para que o sector do metal continue nesta trajetória e a um ritmo ainda maior do que até agora - algo que Rafael Campos Pereira não tem dúvidas de que é possível porque existe talento, capacidade técnica e qualidade - a AIMMAP decidiu “estabelecer o caminho a fazer na próxima década”, repara Vitor Neves.
  • Um caminho que que incide em cinco eixos - crescimento; produtividade; sustentabilidade; capacitação e imagem - que são aqueles em que as empresas do metal mais têm de trabalhar.
  • A sustentabilidade está na ordem do dia e é uma área abrangente que envolve o ambiente, mas também a parte social e de governança, diz Paulo Sousa.
  • À capacitação dos recursos humanos e das indústrias junta-se a aposta nas tecnologias e na digitalização. Deve-se olhar para o crescimento, não só das exportações, mas das empresas que, na sua maioria, são micro ou pequenas e médias empresas (PME), repara Hermano Rodrigues, “o que exige colaboração e associativismo”, acrescenta Cristina Bóia. E, por fim, aumentar a produtividade, porque é ainda muito baixa em Portugal e “tem de aumentar” e melhorar a imagem “porque não nos sabemos vender”, acrescenta ainda Hermano Rodrigues.

3. O plano de ação

  • Para atingir estes objetivos, a AIMMAP - em parceria com várias entidades, mas principalmente com o CATIM - Centro de Apoio Tecnológico à Indústria Metalomecânica e o CENFIM - Centro de Formação Profissional da Indústria Metalúrgica e Metalomecânica, estabeleceram um plano de ação que envolve 11 projetos nas áreas de inovação e upgrading; qualificação empresarial; descarbonização, economia circular e eficiência energética e de materiais; internacionalização e captação de investimento direto estrangeiro; atração e retenção de talentos, que é “um dos principais desafios” neste momento, repara Cristina Bóia.
António Saraiva, ex-presidente da CIP, foi um dos convidados da Conferêcia que a AIMMAP organizou
Rui Oliveira

4. O papel do Estado

  • Rafael Campos Pereira e António Saraiva não têm dúvidas de que para as empresas crescerem é preciso haver uma intervenção do Estado, principalmente ao nível de reformas: na administração pública, judicial e fiscal, detalha o ex-presidente da CIP.
  • Na administração pública, são reformas para a tornar mais eficiente e desburocratizar os processos, por exemplo os licenciamentos ambientais; no sistema judicial, agilizar as decisões para que as empresas não morram antes de saber o desfecho de um processo, seja de insolvência ou de outro tipo e, na sistema fiscal, reduzindo os impostos, principalmente o IRS, para que os salários possam aumentar.
  • “O primeiro-ministro pede aos privados para aumentar os salários, mas a retenção fiscal que existe sobre os salários é uma brutalidade. Quem mais ganha com os aumentos dos salários mínimos é o Estado”, nota António Saraiva.
  • Contudo, acrescenta, “são reformas que não se fazem numa só legislatura, precisamos de pelo menos duas”, deixando um recado ao governo: “a maioria absoluta dava esse conforto…”

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