Inovação exige diversidade, competências e cocriação
Conferência “Intraempreendedorismo e Inovação: o papel do Tech Talent” reuniu empresários e empreeendedores para debater os desafios da escassez de recursos
NUNO FOX
Há um triângulo de colaboração que é preciso incentivar para que Portugal possa ser mais competitivo no momento de atrair investimento, e para posicionar-se como um hub tecnológico. Academia, empresas e Estado têm de alinhar-se com este propósito
Fátima Ferrão
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“As pessoas são o ADN das empresas”. Uma frase frequentemente ouvida, e muitas vezes proferida como cliché, mas cuja evidência é, de facto, real. Veja-se o desafio que as organizações enfrentam com a escassez de talento, mais notória nas áreas tecnológicas onde não é, aliás, um problema novo. E esta questão torna-se mais complicada de resolver quando assistimos a uma massificação do trabalho remoto, que abre possibilidades infinitas de trabalhar a partir de Portugal para qualquer parte do mundo. O talento tecnológico nacional é reconhecido internacionalmente pela sua competência, o que tem contribuído igualmente para uma fuga para outros mercados onde os salários e os benefícios falam mais alto.
Que soluções se colocam ao mercado nacional para ultrapassar este desafio? Requalificar profissionais de outras áreas para que adquiram as competências de que as empresas realmente necessitam e, em paralelo, fomentar a colaboração intraempresas, com a academia e o Estado, para ganhar escala e inovar sem depender de novas contratações são alguns dos caminhos sugeridos e partilhados por empresários, empreendedores e académicos durante a conferência “Intraempreendedorismo e Inovação: o papel do Tech Talent”, promovida pela Fujitsu/CHRLY, com o apoio do Expresso, e que foi esta manhã transmitida em direto no site do jornal.
Mário Campolargo, secretário de Estado da Digitalização e da Modernização Administrativa, destacou algumas das iniciativas do Estado para responder ao desafio das competências e do talento
NUNO FOX
A iniciativa serviu ainda de palco ao lançamento da start up CHRLY, que se propõe a mudar as regras do jogo no recrutamento tech. O nosso objetivo, explica Susana Soares, é que o talento “seja integrado em missões tech, mas também responda a desafios de áreas de inovação ou negócio que querem acelerar o seu contexto digital e aceder a este talento”. A diretora-geral acredita que a nova empresa contribuirá para atrair e reter talento tech em Portugal, “criando um ecossistema de aprendizagem contínua, que envolve as empresas e as universidades, valorizando sempre o empreendedorismo e a inovação”.
Também durante o debate em que participaram Ana Casaca, global head of innovation na GALP; José Ferrari Careto, CEO da E-REDES; António Dias Martins, diretor executivo da Startup Portugal; Teresa Rosas, diretora de IT na Fidelidade; e Pedro Oliveira, diretor executivo da Nova SBE, a opinião foi unânime: não há inovação sem pessoas qualificadas e motivadas, sem colaboração entre os diversos players do mercado (empresas, universidades e instituições públicas), e sem a criação de ecossistemas de partilha de conhecimento.
O secretário de Estado da Economia fechou a conferência e lembrou as oportunidades globais disponíveis para um país pequeno como Portugal se, através da colaboração, ganhar a escala necessária para competir com os melhores
NUNO FOX
A fechar, Pedro Cilínio reforçou a convicção dos empresários presentes. O secretário de Estado da Economia recordou que a colaboração facilita o processo de inovação, mas também traz ganhos de escala, muito importantes para o tecido empresarial nacional, maioritariamente composto por pequenas e médias empresas (PME). Contudo, alerta, “é preciso talento humano para suportar estas cadeias de valor”.
Conheça as principais conclusões:
Inovação aberta valoriza o país
O caminho a percorrer ainda é longo, mas Ana Casaca acredita que os primeiros passos já estão a ser dados. “Empresas, Academia e Instituições públicas devem criar iniciativas para debater este desafio onde se partilhem estratégias, ideias e soluções”.
José Ferrari Careto acredita que é fundamental que as empresas se abram ao exterior e que olhem para o que se faz lá fora para se adaptarem: “Não é preciso inventar a roda, mas estar atento aos bons exemplos”, reforça.
“É preciso simplificar a colaboração no triângulo universidades, empresas e Estado”, salienta Teresa Rosas. Para a responsável da Fidelidade, todos têm que estar conscientes do que é necessário fazer e sobre o caminho a seguir, sem burocracias e entraves.
“Todos os países estão a olhar para a inovação para se diferenciar”, aponta António Dias Martins. O diretor da Startup Portugal defende, por isso, a criação de um quadro regulamentar adequado que ajude o talento a desenvolver-se.
Na perspetiva de Pedro Oliveira há reformas que é preciso fazer, a começar pela redefinição da forma de ensinar que tem que ser pensada numa perspetiva prática e de aprendizagem através de desafios, numa lógica de empreendedorismo.
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