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Guarda quer atrair mais empresas e inovação

Guarda quer atrair mais empresas e inovação
Município da Guarda

Município inaugurou, em dezembro, um centro de acolhimento para projetos de base tecnológica com o objetivo de dinamizar o desenvolvimento da economia local. “Expresso 50 anos, Guarda: Logística, tecnologia, inovação” é o tema da próxima conferência itinerante que assinala o 50º aniversário do Expresso. Acontece esta quinta-feira, 23 de março, a partir das 14h30

Francisco de Almeida Fernandes

À semelhança do que aconteceu na maioria dos distritos, também a Guarda tem vindo a perder habitantes ao longo da última década. Segundo os Censos 2021, a redução da população rondou as 18 mil pessoas e todos os concelhos encolheram. Os dados do Instituto Nacional de Estatística indicam, ainda, que estes números quebram a tendência que se vinha verificando, nas décadas anteriores, de crescimento populacional. O dinamismo económico e a oferta de emprego continuam a ser motores de atração de jovens e famílias e um dos motivos que leva o município da Guarda a investir na captação e fixação de empresas no território.

Em novembro, o presidente da câmara, Sérgio Costa, dizia aos jornalistas que pretendia fazer da cidade uma “verdadeira capital” da região e potenciar a qualidade de vida dos seus habitantes. Semanas mais tarde, o executivo camarário inaugurava o Espaço Tecnológico – Centro Histórico para “tornar a Guarda um verdadeiro hub do interior (...) e de empreendedorismo”. O autarca acredita que só atraindo mais organizações será possível dinamizar a economia local e fixar talento.

Para que a fixação de recursos seja uma realidade, decisores públicos, instituições de ensino e agentes económicos acreditam ser essencial promover colaboração estreita entre a academia e as empresas. Essa tem sido “uma das prioridades” do Instituto Politécnico da Guarda (IPG), aponta o presidente Joaquim Brigas, que refere vantagens ao nível do reforço da investigação aplicada na instituição para “responder aos desafios que são colocados" pelos parceiros. Além de tornar o ensino “mais adequado à realidade do mercado”, permite inserir os alunos do ensino superior no tecido económico e fazer do IPG “um motor de desenvolvimento para a região”.

“A primeira dificuldade é formar na nossa área para criar esse talento e depois retê-lo, mas estamos a conseguir fazer isso. A ideia é continuarmos a crescer nos próximos anos”, aponta Luís Baptista

A Merkle, subsidiária do grupo internacional Dentsu, é um dos vários exemplos de como as organizações podem contribuir para a formação de talento e para a sua fixação em territórios de baixa densidade. Em 2018, a empresa abriu um escritório na Guarda com apenas três pessoas e o objetivo era, assegura Luís Baptista, claro: fazer crescer o negócio com jovens qualificados e especializados na área de salesforce. “Vimos a possibilidade de introduzir esta tecnologia no currículo dos alunos do politécnico. Houve uma grande abertura do IPG nesse sentido”, explica o sénior salesforce speacialist da Merkle e professor desta cadeira na instituição de ensino.

Com uma formação à medida das necessidades do mercado, mas também vocacionada para aumentar a abrangência de conhecimentos dos estudantes, a empresa “cresceu exponencialmente” nos últimos quatro anos. Tem hoje uma equipa de 82 pessoas divididas entre salesforce e qualidade. “A primeira dificuldade é formar na nossa área para criar esse talento e depois retê-lo, mas estamos a conseguir fazer isso. A ideia é continuarmos a crescer nos próximos anos”, acrescenta Luís Baptista. O objetivo é chegar aos 150 colaboradores.

Do lado do ensino superior, Joaquim Brigas não tem dúvidas de que a descentralização da formação académica é um passo importante para a qualificação “dos jovens e menos jovens” do distrito. Neste sentido, o IPG tem trabalhado com os municípios para criar polos focados em “áreas estratégicas para o desenvolvimento daqueles territórios” e permitir que estudantes com dificuldades económicas possam prosseguir os estudos e manter-se na região. “Esta quarta-feira [dia 22] vamos ter a abertura de mais um centro em São João da Pesqueira, depois do último ter sido inaugurado em Foz Côa”, adianta o presidente.

Capacitação, empreendedorismo e fixação de talento serão alguns dos temas em cima da mesa durante a conferência “Expresso 50 anos, Guarda: Logística, tecnologia, inovação”, integrada no ciclo itinerante de conversas promovidas pelo Expresso em todo o país para celebrar o seu 50º aniversário. Depois de ter passado, no início do mês, por Castelo-Branco, o semanário viaja até ao Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda, no dia 23, para debater as oportunidades e os desafios do desenvolvimento dos territórios de baixa densidade. Consulte, abaixo, os detalhes deste evento.

Ainda antes da discussão pública, o Expresso inaugura a exposição comemorativa das suas cinco décadas de existência. Serão 50 capas históricas que estarão expostas na Praça Luís de Camões, no centro da cidade, e que podem ser vistas até 2 de abril.

142.974

é o número de habitantes no distrito da Guarda, segundo os Censos 2021. A região perdeu 17.965 pessoas desde 2011

Conferência “Expresso 50 anos, Guarda: Logística, tecnologia, inovação”

O que é

À boleia das comemorações do 50º aniversário do Expresso, o semanário quer sentir o pulso ao país e aos desafios sentidos nas suas diferentes regiões. Depois de Lisboa, Santarém, Portalegre e Castelo-Branco, Guarda é o próximo destino da exposição e conferência itinerantes do jornal. O debate vai juntar representantes locais e empresas que estão a investir no concelho nas áreas da tecnologia, da logística e da inovação, num momento de reflexão sobre as oportunidades e os desafios da região.

Quando, onde e a que horas?

Quinta-feira, 23 de março, no Café Concerto do Teatro Municipal da Guarda, a partir das 14h30.

Quem são os oradores?

  • João Vieira Pereira, diretor do Expresso;
  • Sérgio Costa, presidente da Câmara Municipal da Guarda;
  • Joaquim Brigas, presidente do Instituto Politécnico da Guarda;
  • André de Sá, professor e investigador do Instituto Politécnico da Guarda e coordenador do CoLab LogIN;
  • João Logrado, diretor-geral da Olano Portugal;
  • Luís Baptista, Sénior Salesforce Specialist na Merkle.

Porque é que este evento é importante?

Numa altura em que, segundo o relatório dos Censos 2021, Portugal está a assistir a uma intensificação do processo de litoralização do país, por via da concentração da população no litoral, é fundamental discutir uma estratégia de verdadeira coesão territorial. Por outro lado, os crescentes custos de vida nos grandes centros urbanos, como Lisboa ou Porto, reforçam cada vez mais as vantagens do interior - mais qualidade de vida e menores custos. Nas regiões periféricas, a proximidade das empresas aos centros académicos, como universidades e politécnicos, é um trunfo na disputa pelo talento, mas também uma forma de estimular a aposta em investigação e inovação.

Como posso ver?

Simples, clicando AQUI.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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