Projetos Expresso

“Estamos a viver um período epidémico de infeção por RSV”

A pandemia da covid-19 alterou a sazonalidade do vírus sincicial respiratório (RSV) e coloca os serviços de saúde sob pressão perante o aumento de infeções nas crianças. Entre registos de mais bronquiolites e o que está a ser feito para aumentar a eficácia do combate, realizou-se hoje o debate “Futuro da prevenção contra o RSV”

Loading...

O impacto é claro e não deixa margem para dúvidas: há razões para nos preocuparmos com o vírus sincicial respiratório (RSV). Após dois anos de disrupção sazonal provocada pela covid-19, os casos de infeção do vírus respiratório estão a disparar, e o pico súbito preocupa os profissionais de saúde que tentam alertar pais e autoridades para a importância de desenvolver medidas mais eficazes de prevenção.

Se, atualmente, as principais medidas para evitar a infeção e o contágio nas crianças abaixo de dois anos (a faixa etária maioritariamente afetada pela doença) passam por cuidados em tudo semelhantes aos que se tornaram norma com a pandemia, a esperança passa agora pelo desenvolvimento de uma resposta imunológica que pode estar próxima. Por outras palavras, a criação de uma vacina.

Este e outros temas estiveram em destaque na conferência “Futuro da prevenção contra o RSV”, uma parceria Expresso e Sanofi, e que contou com a presença de Helena Freitas, diretora geral da Sanofi Portugal; Francisco Pedro Balsemão, CEO da Impresa; Hugo Rodrigues, pediatra e autor da página “Pediatria para todos”; Sofia Sousa, enfermeira; Gonçalo Trafaria, fisioterapeuta e osteopata especializado em pediatria; Teresa Bandeira, coordenadora da Unidade de Pneumologia Pediátrica, do Hospital de Santa Maria; Ana Paula Rodrigues, médica de saúde pública no Departamento de Epidemiologia do Instituto Nacional de Saúde Doutor Ricardo Jorge; Manuel Magalhães, pediatra na Unidade de Pneumologia Pediátrica e Unidade de Neonatologia do Centro Materno Infantil do Norte; Teresa Tomé, pediatra no Hospital Lusíadas de Lisboa; Paula Guerra, co-fundadora da XXS – Associação Portuguesa de Apoio ao Bebé Prematuro; Eduardo Costa, vice-presidente da Associação Portuguesa de Economia da Saúde; Gustavo Januário, pediatra no Hospital Pediátrico de Coimbra; André Graça, vice-presidente da Sociedade Portuguesa de Pediatria; Bruna Gouveia, sub-diretora Regional da Saúde da Madeira; Dina Oliveira, chefe de Divisão da Saúde Sexual, Reprodutiva, Infantil e Juvenil da DGS; Carmen Carvalho, presidente da Sociedade Portuguesa de Neonatologia; Fernanda Rodrigues, presidente da Sociedade de Infeciologia Pediátrica; e Marta Valente, presidente da Comissão Técnica de Vacinação.

Conheça as principais conclusões do evento.

Fisioterapia respiratória

  • O RSV afeta quase todas as crianças pelo menos uma vez e os sintomas podem ir da infeção respiratória ligeira a casos mais graves e que requerem maiores cuidados, como bronquiolites ou pneumonias.
  • A doença provoca muitas vezes sequelas e exige tratamentos para que as consequências não sejam mais agressivas para a criança.
  • Um dos elementos que pode ajudar na recuperação é a fisioterapia respiratória. “Todos os pais deviam ter um fisioterapeuta respiratório à distância de um telefonema. A recaída pode ser catastrófica”, explica Gonçalo Trafaria.

Sazonalidade

  • A pandemia da covid-19 impediu a normal circulação do vírus sincicial respiratório e por isso o pico de casos promete, este ano, ser maior e mais intenso que o habitual.
  • “Temos um fluxo muito significativo de doentes para a urgência, o impacto clínico é elevadíssimo”, revela Manuel Magalhães.
  • “Estamos a viver um período epidémico de infeção por RSV”, acrescenta Teresa Tomé

Consciencialização

  • Aumentar a literacia e o conhecimento dos pais sobre o RSV é essencial para tomar medidas mais eficazes de prevenção e evitar idas, por vezes desnecessárias, às urgências.
  • “Pais informados tomam melhores decisões”, aponta Paula Guerra.
  • Para Fernanda Rodrigues, “o papel da sociedade no reforço da mensagem é muito importante”.

Políticas públicas

  • O papel das políticas públicas, defendem os especialistas, é aplicar medidas que permitam achatar a curva e diminuir o impacto do pico de infeções.
  • As melhorias podem passar por uma melhor coordenação entre serviços e uma comunicação mais eficaz entre pais e profissionais de saúde.
  • Temos que olhar, por exemplo, “gestão de vagas em cuidados intensivos neonatais”, lembra Carmen Carvalho.

Imunização

  • O desenvolvimento de uma vacina parece cada vez mais uma realidade e os ensaios clínicos são prometedores
  • Alargar uma resposta imunológica que permita proteger de forma mais eficaz todas as crianças é visto como um passo potencialmente decisivo na luta contra o RSV.
  • “Tem que ser tudo muito bem ponderado” e testado, acredita André Graça.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: toliveira@impresa.pt

Comentários

Assine e junte-se ao novo fórum de comentários

Conheça a opinião de outros assinantes do Expresso e as respostas dos nossos jornalistas. Exclusivo para assinantes

Já é Assinante?
Comprou o Expresso?Insira o código presente na Revista E para se juntar ao debate
+ Vistas