O planeamento familiar em Portugal caminha para se manter a par das tendências globais da contraceção, alargar o seu alcance e tentar responder da melhor forma aos abalos provocados pela pandemia e pelas convulsões vividas pelo Serviço Nacional de Saúde. Com a missão sempre presente de continuar a trajetória muito positiva dos últimos anos e não descurar o que falta melhorar.
“Em Portugal, os indicadores em saúde materno-infantil e reprodutiva melhoraram muito ao longo das últimas décadas, tendo o planeamento familiar contribuído largamente para esta evolução”. Quem o diz é Teresa Rodrigues, assistente hospitalar de Ginecologia - Obstetrícia no Centro Hospitalar Universitário de S. João e uma das presenças confirmadas na conferência “O Planeamento Familiar em Portugal no séc. XXI”, organizada pelo Expresso e Organon.
"O número de profissionais de saúde que se dedicam ao planeamento familiar, tanto a nível hospitalar como nos cuidados de saúde primários é insuficiente. A articulação deveria ser optimizada de forma a garantir uma melhor referenciação das mulheres com situações particulares e também para formação e treino de profissionais de saúde nesta área", aponta Teresa Rodrigues
O panorama do planeamento familiar e o impacto da contraceção no tecido social estarão em destaque, com Fátima Palma a lembrar que “O mundo mudou muito nos últimos anos”. A presidente da Sociedade Portuguesa de Contraceção fala sobre a necessidade de conduzir um “estudo sobre impacto da pandemia" dentro de “um ou dois anos” para se perceber exatamente “o que aconteceu naquela altura”.
A isso acrescenta a necessidade de reorganizar os serviços de saúde para que os utentes dos cuidados primários, sem acesso a outras vias de planeamento familiar, não fiquem prejudicados: “Quando há menos serviços e médicos, tem que se pensar numa organização diferente”, afirma. Ou seja, “consoante o que temos, importa perceber como melhorar e não piorar”.
Portugal faz parte de um grupo seleto de países que oferece consultas e métodos contracetivos, como a pílula, ou outros de longa duração, de forma gratuita e o acesso universal, apesar das disparidades regionais, tem garantido uma taxa elevada de sucesso. Porém, não podemos esquecer que “1 milhão de portugueses não têm médico de família”, aponta Fátima Breia, presidente da Associação para o Planeamento da Família".
Como metas a atingir, destaca a necessidade de trabalhar mais e melhor com as “minorias e trabalhadoras de sexo”, por exemplo, de forma a “complementar o trabalho que o Estado não consegue fazer, porque não consegue chegar a todos”. Por outro lado, uma tendência crescente é a resistência de cada vez mais mulheres a tomar a pílula, por causa potencialmente “fazerem mal” algo que Fátima Breia classifica como “um mito”. O desafio passa também por, cada vez mais, encontrar também “soluções naturais”.
é a percentagem de mulheres que usa um método de contração moderno (por oposição aos métodos tradicionais), o que representa uma subida face aos 48% registados em 1990
Tópicos para discussão na conferência sobre a qual pode saber mais de seguida.
O que é?
Integrada no ciclo Repensar a Saúde, a conferência - resultado de uma parceria entre o Expresso e a Organon - vai incidir sobre o planeamento familiar em Portugal, e no contexto mundial, as tendências na área da contraceção e as desigualdades no acesso.
Quando, onde e a que horas?
A conferência acontece na próxima segunda-feira, 26 de setembro, a partir das 18h, na sede da Impresa.
Quem são os oradores?
- Teresa Bombas, Comité Executivo da Sociedade, Europeia de Contraceção
- Fátima Breia, presidente da Associação para o Planeamento da Família
- Vera Pires da Silva, Grupo de Estudos Saúde da Mulher da APMGF
- Teresa Rodrigues, assistente hospitalar de Ginecologia - Obstetrícia, Centro Hospitalar Universitário de S. João
- João Rodrigues, ex-coordenador do Grupo para Reforma dos Cuidados de Saúde Primários/ Assistente Graduado Sénior de MGF
- Fátima Palma, presidente da Sociedade Portuguesa de Contraceção
- Lina Lopes, European Parliamentary Forum for Sexual and Reproductive Rights
Porque é que este evento é importante?
Porque numa altura em que o Serviço Nacional de Saúde lida com as consequências da pandemia e parece travar uma luta existencial entre menos recursos humanos e e novas ameaças, importa discutir a história de sucesso recente do planeamento familiar e da contraceção, e de qual a melhor forma de garantir que os resultados não são afetados pela instabilidade que se vive no sector.
Como posso ver?
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