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Estudo sugere criação de uma via verde para a avaliação de tecnologias de saúde

O debate moderado pela jornalista Marta Atalaya contou com Fernando de Almeida (INSA), Joana Carvalho (ACSS), Maria José Rebocho (AADIC) e José Seguro Sanches (Comissão de Saúde)
O debate moderado pela jornalista Marta Atalaya contou com Fernando de Almeida (INSA), Joana Carvalho (ACSS), Maria José Rebocho (AADIC) e José Seguro Sanches (Comissão de Saúde)
NUNO FOX

Apresentado esta manhã no Instituto Nacional de Saúde, o documento conclui que esta medida permite aumentar o acesso dos doentes à inovação no sector, com ganhos na qualidade de vida e na sustentabilidade do SNS. Esta foi uma das conclusões da conferência “Diagnósticos in vitro: mais acesso, melhor saúde”, organizada pelo INSA, com apoio da Roche, e a que o Expresso se associou

Francisco de Almeida Fernandes

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A criação de um “departamento de avaliação de tecnologias independente do Ministério da Saúde” é uma das principais recomendações do estudo “Melhor Saúde – O valor do diagnóstico in vitro”, conduzido pela NOVA IMS. O documento apresentado esta manhã no Instituto Nacional de Saúde Dr. Ricardo Jorge (INSA) resulta da contribuição de profissionais de saúde e outros responsáveis ligados ao sector, que sugerem que os testes de diagnóstico são uma “componente fundamental do sistema de saúde”. “Ao nível clínico, é completamente consensual e óbvia a sua importância na prática clínica e para a saúde pública”, considera Guilherme Victorino, responsável pela coordenação da pesquisa.

Os investigadores apontam, no entanto, barreiras a uma maior disponibilização destas ferramentas aos profissionais de saúde. Entre elas, a falta de acesso a alguns testes de diagnóstico nos cuidados de saúde primários. Joana Carvalho, vice-presidente da Administração Central do Sistema de Saúde (ACSS), reconhece “a importância” para a deteção precoce de doença, mas aponta que “os custos com a saúde estão a crescer e vão continuar a crescer”, pelo que é necessário, ao nível da gestão do sistema, tomar decisões informadas sobre o financiamento de determinados instrumentos clínicos. “O grande desafio é, sem dúvida, fazer chegar a inovação aos cidadãos conseguindo conjugar isto tudo com a sustentabilidade do sistema”, refere.

Guilherme Victorino, coordenador do estudo da NOVA IMS, refere que "há uma enorme falta de conhecimento sobre diagnósticos in vitro" que importa resolver para melhorar os indicadores em saúde e a sustentabilidade do sistema
NUNO FOX

Encontrar caminhos para garantir um maior acesso aos diagnósticos in vitro foi o principal objetivo do debate promovido, esta terça-feira, pelo INSA, com apoio da Roche, e a que o Expresso se associou. A conversa contou com Fernando de Almeida, presidente do INSA, Joana Carvalho, da ACSS, Maria José Rebocho, cardiologista e representante da Associação e Apoio a Doentes com Insuficiência Cardíaca, e Jorge Seguro Sanches, vice-presidente da Comissão de Saúde na Assembleia da República.

Conheça as principais conclusões:

Menos custos, mais saúde

  • A prevenção em saúde pode beneficiar diretamente da utilização mais generalizada de testes de diagnóstico, asseguram os especialistas. Jorge Seguro Sanches defende que “temos de ter políticas preventivas para depois não andarmos atrás do prejuízo” e compromete-se, enquanto deputado, a levar o tema a discussão na Comissão de Saúde;
"O que queremos evitar é que as pessoas estejam doentes. Quanto mais evitarmos que elas fiquem doentes, mais poupamos recursos [ao sistema]", apontou Álvaro Beleza, presidente da SEDES
NUNO FOX
  • Além da comparticipação e do financiamento garantido pelo Estado, os peritos pedem a criação de um organismo de avaliação das novas tecnologias de saúde para acelerar a chegada destas aos doentes, mas sobretudo para garantir a segurança, eficácia e fiabilidade dos testes. “Tem de haver uma entidade que faça a triagem do que é bom e o que é menos bom”, afiança Fernando de Almeida;
  • O presidente do INSA diz ainda que esta possibilidade já estava a ser estudada antes do início da pandemia e pede que a reflexão seja recuperada para que se possa avançar;
  • Os ganhos para os doentes são claros, em especial em casos de insuficiência cardíaca. Se o diagnóstico precoce for feito, é possível evitar danos colaterais e perda de qualidade de vida, bem como alcançar poupanças nos custos do SNS. “Não há dúvidas nenhumas de que deve ser feito o diagnóstico in vitro para insuficiência cardíaca”, considera Maria José Rebocho, que fala em redução de despesa com menos internamentos, menos consultas e menos medicamentos;
  • “Se as pessoas tiverem [acesso a] mais testes não precisam de ir aos hospitais”, complementa Álvaro Beleza, médico e presidente da SEDES, que marcou presença no encerramento da conferência. “Não tenham dúvida que isto trará poupança de recursos financeiros”, conclui.

Tem dúvidas, sugestões ou críticas? Envie-me um e-mail: clubeexpresso@expresso.impresa.pt

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