Energia, ambiente e agricultura marcaram o terceiro dia do Summer CEmp 22, a escola de verão da representação portuguesa da Comissão Europeia que junta, até terça-feira, 40 jovens universitários em São Miguel, nos Açores. Aproximar os futuros líderes e decisores do projeto europeu, mas sobretudo dos desafios da União Europeia e o seu papel junto das comunidades ultraperiféricas, como as regiões autónomas, está no centro da iniciativa. Um dos grandes desígnios – regional, nacional e europeu – está na economia do mar, defendeu esta tarde Tiago Pitta e Cunha. “[A economia do mar] trará um novo modelo de desenvolvimento para este arquipélago”, apontou o administrador da Fundação Oceano Azul.
Apesar da importância que atribui aos oceanos e às áreas marinhas protegidas, Pitta e Cunha lamenta que Portugal não valorize o recurso com “políticas para o mar”. “Nunca vi, para mim, relevante ter um Ministério do Mar. O que é fundamental é criar uma coordenação de todas as pastas que têm impacto no mar para que haja uma estratégia [nacional]”, sublinha.
Para o responsável da fundação, Portugal tem hoje, na sua biodiversidade marinha, um dos maiores trunfos para vencer na economia do futuro, mas para conseguir utilizá-lo terá de garantir a sua preservação. “Pensamos que os oceanos podem ser uma cartada fundamental para a descarbonização”, diz. A salvaguarda da riqueza natural do território marítimo e o aproveitamento dos seus recursos de forma sustentável permitirá, acredita, “encontrar nos Açores o Hawai da Europa”.
A importância dos oceanos e “O futuro do planeta azul” foi o tema da sessão protagonizada por Tiago Pitta e Cunha, depois de “A política pública no terreno”, sobre agricultura, e “Crises e União: Bastidores”, que abordou a dificuldade de colocar 27 Estados-membros em acordo sobre políticas comuns. A tarde terminou com um concerto de Katia Guerreiro no centro de Ribeira Grande.
Conheça outras conclusões do terceiro dia do Summer CEmp 22:
Jovens agricultores procuram-se
- De acordo com o antigo secretário de Estado da Agricultura, José Diogo Albuquerque, apenas 4% dos jovens abaixo dos 35 anos trabalham no sector enquanto continua a existir “uma percentagem muito elevada de agricultores com mais de 70 anos”.
- Para inverter o cenário e conquistar as novas gerações para a economia do campo é necessário, garante, “canalizar bem os apoios da Comissão Europeia”, mas também recuperar a “comunicação positiva” da atividade.
- Jorge Rita, presidente da Associação Agrícola de São Miguel, diz que o atual contexto de guerra e crise económica na Europa poderá ser a oportunidade para atrair mais trabalhadores, sobretudo os mais novos, para o sector. Aumentar a produção agrícola no velho continente é, acredita, tão importante hoje quanto no período da II Guerra Mundial. “Temos de pensar seriamente na segurança alimentar da população e isso faz-se com a agricultura”, remata.
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