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Indústria cimenteira apresenta roteiro para atingir a neutralidade carbónica em 2050

Indústria cimenteira apresenta roteiro para atingir a neutralidade carbónica em 2050
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Projetos Expresso. O documento estabelece as ações que são necessárias para atingir o objetivo europeu e será divulgado numa conferência organizada pela Associação Técnica da Indústria de Cimento (ATIC) em parceria com o Expresso

A indústria cimenteira apresenta, na próxima segunda-feira, 29 de março, o roteiro do sector para a neutralidade carbónica 2050, o documento que define as metas e ações a tomar nos próximos anos para reduzir e mitigar as emissões de carbono (CO2). A apresentação decorrerá durante a conferência "Cimentar o Futuro", organizada pela Associação Técnica da Indústria de Cimento (ATIC) e que contará com um debate sobre o tema. Porque, diz a ATIC, o processo de descarbonização não depende só das empresas, é preciso haver políticas públicas que ajudem a suportar os investimentos e as mudanças de paradigma que são necessárias.

Uma das medidas inscritas no roteiro passa por reduzir as emissões de CO2 do processo de combustão que é usado para produzir o clínquer, a principal matéria-prima do cimento. Nesse processo de combustão usam-se, atualmente, 60% de combustíveis fósseis e 40% de combustíveis alternativos, como os resíduos ou a biomassa, e o objetivo é aumentar o uso dessas alternativas. Mas, para isso, é preciso que o Governo estabeleça políticas que desincentivem o envio de resíduos para aterro e incentivem à sua venda a estas indústrias, como por exemplo, aumentar a taxa de gestão de resíduos. Desta forma, deixava-se de importar resíduos e passava-se a usar resíduos nacionais, potenciando a criação de um novo negócio.

É, por isso, que a conferência de segunda-feira contará com a presença de vários elementos do Governo, como o ministro do Ambiente, João Pedro Matos Fernandes, e o ministro da Economia, Pedro Siza Vieira, e ainda com uma intervenção e um debate sobre políticas públicas adequadas à descarbonização.

“Não se pode deixar que a descarbonização, que requer muitos investimentos, retire competitividade a uma indústria que é quase 100% nacional e que é responsável por cinco mil empregos diretos e indiretos”, diz Luís Fernandes, presidente do Conselho Executivo da ATIC e CEO da Cimpor.

Outro apoio que deveria ser criado, defende ainda a ATIC, diz respeito à criação de uma legislação que obrigue a usar cimentos com menos clínquer, que é feito com calcário. Isto porque o calcário é carbonato de cálcio e, quando está a ser usado para fabricar o clínquer, liberta uma grande quantidade de CO2 para a atmosfera. Em simultâneo, é ainda preciso incentivar a investigação deste tipo de produtos alternativos e a sua posterior produção a um preço acessível.

60%

das emissões da indústria cimenteira são provenientes do processo de fabrico de clínquer. As restantes 40% são originadas pelo processo de combustão

O uso de combustíveis alternativos e de cimentos com menos clínquer são duas das principais ações deste roteiro que serão implementadas até 2030. Mas depois, até 2050, terão de avançar outras soluções, maioritariamente tecnológicas, mas que ainda estão no início e que também vão precisar de apoios públicos. É o caso da captura, armazenagem e reciclagem de carbono ou do recurso ao hidrogénio para a produção de energia, cujo consumo é muito elevado nesta indústria.


Cimentar o futuro

O que é?

A Associação Técnica da Indústria de Cimento (ATIC) apresenta o roteiro de neutralidade carbónica 2050, um documento que estabelece as medidas que o sector terá de tomar para reduzir as emissões de CO2 em consonância com as metas da União Europeia. Em simultâneo, a ATIC junta a este lançamento, uma série de especialistas e políticos para debater o tema e as propostas do roteiro.

Quando, onde e a que horas?

Dia 29 de março, segunda-feira, das 10h às 12h, no Facebook do Expresso.

Quem são os oradores?

  • Gonçalo Salazar Leite, presidente da ATIC
  • Nuno Lacasta, presidente da Agência Portuguesa do Ambiente
  • Otmar Hübscher, CEO da Secil
  • Alfredo Cardeira, diretor da Secil
  • João Gonçalves Pereira, deputado à Assembleia da República (Coordenador do Grupo Parlamentar do CDS-PP na CEIOPH e CAEOT)
  • Fernando Santo, Administrador Executivo do Montepio Gestão de Ativos Imobiliários e Presidente do Conselho Português da Construção e do Imobiliário (CIP)
  • Luís Fernandes, presidente do Conselho Executivo da ATIC e CEO da Cimpor
  • Sofia Santos, fundadora da SystemicSphere
  • Pedro Siza Vieira, ministro de Estado, da Economia e da Transição Digital
  • João Pedro Matos Fernandes, ministro do Ambiente e da Ação Climática
  • Paulo Rocha, diretor de Inovação e Sustentabilidade da Cimpor
  • Carlos Zorrinho, deputado do Parlamento Europeu
  • Maria da Graça Carvalho, deputada do Parlamento Europeu

Porque é que este tema e este debate são centrais?

Atingir a neutralidade carbónica em 2050 é uma meta da União Europeia e a indústria do cimento é uma das que terá de fazer mais mudanças e mais investimentos. Um processo que está agora definido no roteiro, mas que precisa da intervenção do Governo.

Como posso ver?

Simples, clique AQUI

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